Todos sabemos que o stress só faz mal. Mas tendo em conta que é um fator de risco, podendo provocar um acidente vascular cerebral (AVC) – principal causa de morte e incapacidade permanente no nosso país -, é caso para ficarmos preocupados.
Por isso, pela sua saúde, evite o stress. O alerta é dado por Lino Santos, cardiologista de intervenção e responsável do Grupo de Intervenção estrutural não valvular da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular.
A propósito de hoje, 31 de março, Dia Nacional do doente com AVC, o especialista deixa vários conselhos e informações a ter em conta sobre a patologia.
Logo para começar, atente a estes números assustadores: um em cada três portugueses que sofrem AVC não sobrevive e metade permanece com sequelas major. 85% dos AVCs são de origem isquémica, sendo que destes, pelo menos 25% têm uma origem cardio-embólica.
O AVC, diz, “é claramente uma doença passível de prevenção“. O cardiologista tem aqui um papel fundamental: a) participando no rastreio e tratamento dos fatores de risco vascular clássicos (tabagismo, hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia, sedentarismo, obesidade, stress); b) diagnosticando e tratando arritmias que predisponham ao AVC (como a fibrilação auricular); c) intervindo a nível da doença cardíaca estrutural que provoque aumento do risco de AVC.
A redução do risco de AVC é conseguida fundamentalmente através de três tipos de procedimentos: encerramento do apêndice auricular esquerdo; encerramento de foramen oval patente e angioplastia carotídea.
“Em conclusão: todos os cardiologistas devem estar envolvidos na prevenção, diagnóstico e tratamento do AVC. Devem trabalhar em conjunto com os colegas de neurologia, neurorradiologia e medicina interna, tendo em vista a melhoria do prognóstico do doente pós-AVC e diminuindo o risco global dos doentes de alto risco pré-AVC”, frisa Lino Santos.
Já no caso de vítimas de AVC, a neuropsicologia pode prolongar a sua autonomia.
Pedro Batista, psicólogo responsável por esta consulta na Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra, refere que “uma avaliação neuropsicológica tem um papel essencial na clarificação diagnóstica, de modo a caracterizar as funções cognitivas e comportamentais do doente”.
Anualmente, cerca de 17 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem um primeiro evento vascular cerebral. O AVC constitui, assim, uma das principais causas de mortalidade, mas também de morbilidade e perda de anos de vida saudáveis, sendo que cerca de um terço dos doentes se tornam dependentes de terceiros para as atividades da vida diária.
Além dos défices neurológicos decorrentes do evento vascular, podem surgir no pós-AVC sintomas psiquiátricos, quer da esfera afetiva, quer cognitiva, quer comportamental. Dentro destes, os mais comuns são os sintomas depressivos, de ansiedade, a apatia e a instabilidade emocional.
O tratamento dos sintomas psiquiátricos decorrentes desta doença passa pela combinação de estratégias farmacológicas e psicoterapêuticas. Com o tratamento adequado, a pessoa pode recuperar dos sintomas neuropsiquiátricos e aumentar o grau de independência nas atividades de vida diária, contribuindo assim para a melhoria do prognóstico global.