Numa altura em que alguns jogadores da equipa B se preparam para a receção ao Paços de Ferreira, duelo da 29.ª jornada da Liga, no próximo domingo, depois da suspensão de 19 futebolistas sportinguistas pelo presidente do clube, são algumas das caras conhecidas que não escapam à polémica. E não é por vontade própria.
Albano Jerónimo que o diga. O ator foi convidado para dar uma entrevista televisiva na sexta-feira, dia 6, às 19h00 sobre “o maior ajuntamento da classe artística que há memória num pós 25 de abril”.
Só que acabou por nem aparecer na antena. Tudo por causa da crise no Sporting, com Bruno de Carvalho à cabeça.
“‘Mais do que um Ministério da Cultura, é preciso um governo de cultura’, António Costa 2015. Convidaram-me, e esta seria a frase da minha abertura, para ir comentar a situação dos artistas, da Cultura e da massiva manifestação por todo este Portugal”, explicou nas redes sociais este sábado, sem nunca revelar o canal.
“Iria falar do “novo” modelo de apoio às Artes, da precariedade da profissão, da urgência de um reforço orçamental para a cultura (1%), de que não existe um favor do estado (que fique claro) ao remunerar um Serviço Público à sociedade, e sobretudo que exista de facto uma política cultural séria, construtiva, criativa, perto dos artistas e que possa dar ao público a cultura que merece”.
“Cheguei ao estúdio e fui aguardando pela minha vez de entrar em direto. Assisti a uma parafernália de temas importantes, e de menor importância, nacionais e internacionais. Aguardei, aguardei, até que me vieram dizer que afinal não havia tempo. Que afinal o tema futebol tinha ganho protagonismo e que segundo “ordens de cima” (eras tu, Deus? Ou seria um consciente director de programas? Ou um director de informação emocionado com o Bruno de Carvalho ou com audiências? Ou seria o pensamento de ir atrás dos outros canais nas audiências e ratings da vida televisiva?!!!), tinham esgotado o tempo do noticiário. Já não tinham tempo para a Cultura. Já não tinham tempo para a Cultura, repito. O Futebol ganhou à Cultura.”
Albano Jerónimo diz que reclamou pois “perdi a possibilidade de estar presente na manifestação e o direito de expor publicamente a minha revolta e indignação, com os meus colegas de trabalho e luta”.
O ator continua, no longo texto, a apontar dedos à comunicação social já que “a situação na Cultura em Portugal é grave, urge o reconhecimento do papel das artes e dos artistas na sociedade portuguesa”.
O grito de revolta do artista já tem centenas de partilhas e outras tantas reações.
Quanto à manifestação propriamente dita, ocorreu em várias cidades do país. Oceana Basílio, Tiago Teotónio Pereira, José Mata, Joaquim Horta, Diogo Valsassina e Miguel Costa estiveram em Lisboa e partilharam alguns desses momentos.
E, de facto, nem os colegas de profissão se alhearam de comentar o caso do Sporting, nas redes sociais.
A atriz Patrícia Candoso, por exemplo, mostrou-se do lado do plantel, usando a hashtag “Somos Todos Jogadores do Sporting” (#somostodosjogadoresdosporting) e identificando os 19 jogadores castigados.
Apenas oito atletas não ‘assinaram o protesto’ contra as declarações do presidente verde e branco. São eles Salin, Luís Maximiano, Mathieu, André Pinto, Lumor, Misic, Petrovic e Bas Dost.
Segundo as notícias mais recentes, o treinador Jorge Jesus terá tentado demover os jogadores de escreverem o tal protesto.
Os 19 jogadores estão castigados – por criticarem a crítica de Bruno de Carvalho após a derrota – mas ainda não estão oficialmente suspensos porque ainda não receberam qualquer comunicação oficial.
Certo é que a equipa B e os juniores já mexem para os substituir.
Voltando à manifestação de artistas, que exigem 1% do financiamento para a cultura, realmente não teve a mesma repercussão na sociedade civil. O que quer dizer muita coisa das prioridades dos cidadãos…
Imagens: Redes Sociais