Todos já ouvimos alguma história de quando uma grávida ficou com desejos de comer algo estranho ou que acordou de madrugada e não sossegou até conseguir comer algo específico.
A apresentadora brasileira Sabrina Sato, por exemplo, que está grávida pela primeira vez, já entrou na equipa das futuras mamãs que desejam comida praticamente do nada.
Num vídeo feito no Instagram, o pai do bebé, Duda Nagle, contou que a apresentadora ficou com vontade de comer laranja com pitadas de sal à 01h00 da manhã.
Histórias divertidas à parte, existe mesmo essas coisas de grávidas terem desejo? Existe!
“Não é capricho nem invenção, temos explicações fisiológicas e emocionais para explicar essa vontade de comer. Quando a mulher engravida ela dá início a um turbilhão de mudanças no corpo e o desejo entra como uma das reações”, disse Silvia Herrera, ginecologista e coordenadora de Medicina Fetal do Salomão Zoppi Diagnósticos.
O que acontece no corpo?
Não é segredo que, ao engravidar, as hormonas da mulher vão à loucura. O organismo começa a preparar-se para adaptar o corpo e nutrir o bebé. Com essas alterações, o ovário deixa de produzir as hormonas – como progesterona e estrógeno – e quem assume essa função é a placenta.
“Isso não é mau, é natural, mas ocorre uma superprodução hormonal: a progesterona sobe, o estrógeno aumenta cerca de 30 vezes e aparecem novos hormônios, como o hcg, que causa o enjoo”, explicou Herrera.
Desta forma, é comum ter sensações diferentes, o intestino ficar mais lento, a sensibilidade com cheiros aumentar e as preferências alimentares alterarem.
Além da relação com a comida mudar, é possível que os desejos surjam para tentar amenizar o mau-estar da gestação. “Grávidas têm muita náusea, é facto. Inconscientemente, acabam tendo vontade de alimentos que facilitam a digestão, aliviam o enjoo e neutralizam o mal-estar. Escolhas comuns são alimentos ácidos, como limão e abacaxi, gelados, como sorvete, ou secos, como castanhas”, contou ao ‘UOL’ Wagner Hernandez, ginecologista mestre em obstetrícia pela USP.
Mas não há regra sobre quais serão os desejos, depende muito de como o organismo de cada grávida reage. Pode ser, inclusive, que nada disso aconteça.
Os sentimentos interferem?
“O emocional tem um grande peso nessa questão. O desejo alimentar também pode estar diretamente associado a questões emocionais, uma vez que os hormônios também mexem e influenciam as emoções”, afirmou Naira Senna, ginecologista e obstetra do hospital e maternidade São Luiz.
Também depende muito da relação afetiva que a mulher tinha previamente com a comida. “Mas não é capricho, é um momento delicado hormonal e sentimentalmente falando que reflete no comportamento da mulher”, comentou Herrera.
Tive o desejo, preciso comer?
Sim, mas não precisa desesperar. O importante é a grávida respeitar se tiver alguma proibição médica, caso contrário tudo bem.
O importante é não exagerar nas porções, lembrar-se de comer pelo menos cinco vezes por dia e hidratar-se bem. Para ter noção sobre a dieta, tenha em mente que, durante a gestação, é comum engordar cerca de um quilo por mês.
É importante preocupar-se se a grávida apresentar vontades incomuns de mastigar opções não comestíveis, como terra, talco, tijolo, giz, etc. Esse comportamento pode configurar um síndroma chamado picamalácia em que, segundo os médicos, pode estar relacionada com a deficiência severa de nutrientes e que precisa de tratamento médico.
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