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Salvador Sobral fala de tudo antes de ser tio de um “bebé ‘euro'”

Na altura em que Luísa Sobral cancelou um concerto devido a “motivos de força maior relacionados com a sua gravidez”, o irmão estava a preparar-se para subir ao palco da Eurovisão.

Foi ali, na Altice Arena, que Salvador deu uma entrevista onde falou de tudo (transplante, música, festival deste ano), incluindo o sobrinho/sobrinha que nasceu entretanto.

“É um Benjamim ou uma Rosa?”, perguntou-lhe Deban Aderemi, fã e jornalista do Wiwibloggs (site de fãs da Eurovisão), mostrando assim que a família não sabia o sexo da criança mas já tinha nomes escolhidos.

“Ainda não sabemos, ela teve contrações fantasmas. Estamos ainda à espera”, respondeu Salvador, passando depois a dizer o dia em que o bebé estava previsto nascer.

“Seria hoje [sábado, 12 de maio] ou amanhã [dia 13]. Que loucura seria ela ter o bebé hoje. Primeiro, ela ganha a Eurovisão. E depois nasce o bebé. Vai ser um bebé ‘euro'”, apelidou o cantor.

Salvador com alguns colaboradores do Wiwibloggs

Para já não há confirmação oficial sobre o nascimento da criança, até porque Luísa Sobral só falou da segunda gravidez depois desta ter sido anunciada pelo vocalista dos Azeitonas durante um concerto no Porto (como a MoveNotícias avançou em primeira mão).

Portanto é provável que o mesmo aconteça agora, depois desta notícia ser publicada.

A entrevista ao vencedor da Eurovisão de 2017 foi feita horas antes de atuar num dos intervalos da grande final, onde apresentou o novo tema ‘Mano a Mano’, com Júlio Resende, e fez um dueto com Caetano Veloso para o ‘Amar Pelos Dois’.

Por isso o período de internamento e o transplante de coração a que foi submetido em dezembro passado foram tópicos de conversa.

“É incrível. Tive uma segunda hipótese na vida. Não acho que muitas pessoas possam dizer isso. Sinto-me ótimo. Posso correr. Não corri em oito anos, talvez, e agora corro. Joguei futebol. Posso subir escadas.”

“Quando tu vives entre quatro paredes em cinco meses, é muito estranho sair”, continuou, referindo-se ao tempo em que esteve no hospital e em casa. “Ficas fisicamente tonto com os carros e as rotundas.”

“Foi muito estranho para mim. Lembro-me de tentar pagar algo. Fiz algumas compras e tive que pagar e estava a tentar contar o dinheiro e não conseguia. É estranho. É uma adaptação para o mundo”, afirmou o artista, que pôs a música de lado durante o internamento.

“Não escrevi nada no hospital. Não me senti inspirado para escrever, nem para ouvir música no início. Eu disse: ‘A música não pertence aqui.’ Claro que era mais forte do que eu e eu tinha que ouvir música. Eu nunca fiz música lá. Eu nunca toquei. Eu nunca compus. Eu nunca escrevi músicas.”

Quanto ao discurso que fez depois de vencer o certame, sendo que “a música não é fogo-de-artifício, música é sentimento” foi encarado como um insulto por alguns colegas, Salvador Sobral insiste que não foi por mal.

“Eu juro que não preparei nada. Não acho que fosse ganhar, em primeiro lugar. Quando eles anunciaram o meu nome por ter ganho, a primeira coisa que pensei foi: ‘M****. Terei que subir as escadas’. Antes, subir as escadas era um pesadelo. Pensei: ‘Cinco degraus para lá e depois para o palco'”.

“O segundo pensamento foi m****, vou ter que entregá-lo no próximo ano – vou ter que o dar a alguém, o que significa que vou ter que estar lá de novo.”

“O meu terceiro pensamento foi: ‘O que é que vou dizer?’ Eu estou a andar e a pensar. O espetáculo todo foi essa música que eu não aprecio e não acho que tenha significado o suficiente. Então pensei: ‘Vamos falar sobre isso e dizer o que sentimos'”.

Daí a falar da possibilidade – que se veio a confirmar – de entregar o troféu à cantora de Israel (cuja música disse que era “horrível”), foi um passo.

“Vai ser estranho se for a menina de Israel porque eu disse isso e agora seria um pouco estranho”, admitiu. “Ela vai dizer tipo: ‘Seu filho da ***!'”

Mas não. Netta Barzilai foi sempre simpática e Salvador também foi bem rápido a dar-lhe beijos, entregar o microfone de cristal e a desaparecer do palco.

Quanto à música ‘O Jardim’, novo elogio e novo insulto para quem concorre à Eurovisão.

“Eu gosto porque é diferente do ano passado. Elas não estão a tentar imitar nada. Ela canta muito bem – ela está afinada. Na Eurovisão isso não acontece com frequência”, atirou Salvador, perante um Deban chocado.

“Salvador, és demasiado. Vais aos Ídolos, que é fast food fireworks, vais à Eurovisão..”, disse-lhe o jornalista, ouvindo um: “Sou um hipócrita” de resposta.

Salvador lá tentou compor o cenário continuando: “No ano passado, senti que as pessoas cantavam muito desafinadas. Este ano eu não sei porque eu não os vi. Eles ficam muito nervosos e cantam desafinados, por isso é legítimo.”

A capacidade de cantar dele próprio também foi falada, no sentido em que se queria saber se a operação e os problemas de saúde a afetaram.

“Eu tinha retenção de líquidos – talvez 20 quilos de líquidos que faziam o diafragma [subir para os pulmões]. Quando perco os líquidos porque estou saudável, o diafragma diminui, por isso é mais difícil para mim cantar. Ainda estou a adaptar-me, mas estou bem com isso.”

“As pessoas verão que me estou a recuperar”, adiantou, referindo-se às performances futuras, que incluem Espanha. “Às vezes eu posso tremer um pouco. Eu gosto de usar isso. É outro recurso também. Tremer é frágil. Quando fui ao hospital, antes de me retirar [dos palcos], a minha voz estava em boa forma. E agora preciso recuperá-la novamente. Mas isso virá. Eu sou positivo.”

Sobre se isso o afetou como artista, respondeu que ainda é cedo para perceber mas que já alterou o seu dia-a-dia.

“Sou mais relativo. Não fico chateado por causa do trânsito. Se eu estou a discutir com alguém talvez eu não argumente porque por que é que deverias argumentar? Eu estou saudável e estou bem. Estou mais tranquilo na vida e a ficar menos chateado com as coisas. Isso é algo que ganhei”.

Imagens: Instagram, Eurovisão e Wiwibloggs/Youtube