Desde o anúncio do noivado, em novembro do ano passado, que Meghan Markle tem vivido numa azáfama, entre compromissos oficiais, reuniões privadas no Palácio de Kensington, preparativos para o casamento e assuntos pendentes nos Estados Unidos. O que valeu à duquesa de Sussex na hora de escolher o vestido de noiva foi a sua determinação pois sabia exatamente o que queria: um modelo moderno, mas intemporal e, acima de tudo, elegante e adequado a um membro da família real.
Com algumas fotos de inspiração para noivas, guardadas no seu telemóvel, do Instagram, Pinterest e de sites de moda, e com a ajuda da melhor amiga e stylist, especialista em noivas, Jessica Mulroney, foi possível criar um vestido fiel à imagem de Meghan e da realeza britânica. Segundo a revista Bazaar, foi Jessica quem a alertou, em dezembro, que a escolha do designer tinha que ser feita “o mais rápido possível”.
A escolha do designer
Entre as possibilidades terão estado os estilistas das grandes marcas de moda – Burberry, Ralph e Russo, Erdem, Roland Mouret, Stella McCartney -, mas também dos que haviam enviado esboços para o Palácio de Kensington.
Fã da Givenchy há alguns anos, Markle não descartou a possibilidade de recorrer à grife francesa para a concepção do vestido que usaria no grande dia. Juntando o útil ao agradável, acabou por optar pela designer Clare Waight Keller, que, além de ter sido nomeada a primeira diretora artística feminina da marca, no ano passado, é britânica, natural de Birmingham.
“Acho que ela viu o meu trabalho e soube o que eu fiz”, reconheceu Keller à publicação. “Eu acho que ela adorou o fato de eu ser uma designer britânica a trabalhar numa casa como a Givenchy, que tem as suas raízes num estilo clássico e bonito da época do próprio Hubert [de Givenchy]”, contou a designer.
O contacto com a estilista escolhida
Após uma troca de emails, a melhor amiga marcou uma reunião entre Meghan e Clare, em Londres, pouco antes do Natal. A estilista mostrou esboços e ideias que agradaram à americana, durante uma breve reunião que durou cerca de meia hora numa sala do Palácio de Kensington.
Num segundo encontro, em janeiro, a noiva, na companhia da melhor amiga, anunciou a Keller que foi a eleita para criar o vestido, mas que o segredo tinha que ser guardado de todos, até mesmo da família. Até ao dia 19 de maio, deveria permanecer no segredo dos deuses o autor do vestido mais aguardado do ano.
A diretora criativa da Givenchy garante que “foi um momento extraordinário” saber que seria a autora do modelo: “Foi uma coisa incrível fazer parte de um momento histórico e ter a oportunidade de trabalhar com ela – foi uma ótima maneira de começar a colaboração com ela”.
O início do design do modelo
Em fevereiro, a estilista voltou a reuniu com a futura duquesa – que entrou discretamente, sem segurança -, numa propriedade sua, no sudoeste de Londres, onde mantém um arquivo de desenhos, esboços e catálogos, das várias marcas com as quais já trabalhou, bem como amostras de tecido. O encontro demorou cerca de duas horas.
Entre mensagens, telefonemas e breves reuniões, criaram uma relação de amizade, o consenso entre as duas não tardou, segundo Clare: “Desde o início, tivemos algumas variações no design, mas, de seguida, muito rapidamente, nos mantivemos até à criação final que se viu”.
“[Meghan] estava realmente focada, tal como eu, em estar absolutamente perfeita para a ocasião”, revelou Keller. “Nós trocamos conversas sobre quais seriam as linhas finais, proporções e a escala do vestido, mas com o tempo, chegamos a um ponto em que eu sabia o que exatamente o que ela queria, tendo experimentado alguns dos toiles e mockups que eu lhe tinha mostrado. E então evoluiu para o design final.”
A concepção do vestido
Sob acordo de sigilo ao mais alto nível, duas pequenas equipas montaram dois espaços de trabalho: um no Atelier de Alta Costura da Givenchy, em Paris e outro num local secreto, em Londres. “Foi tudo sobre manter o segredo”, afirmou Keller.
A estilista fez uma pesquisa intensiva de tecidos e chegou a comprar um exclusivo pedaço de seda de duas camadas, “branca pura”, como Meghan lhe pediu. Uma vez escolhido o tecido, começou-se de imediato a trabalhar naquele que viria a ser o centro das atenções do casamento, pautado por uma “elegância minimalista e intemporal”, que referencia “os códigos da icónica Casa de Givenchy” e é “fiel à herança da casa”, segundo a própria grife.
O trabalho meticuloso do véu
De acordo com o site oficial da Givenchy, Markle “expressou o desejo de ter os 53 países da Commonwealth com ela na sua jornada, durante a cerimónia”. A vontade visou o reconhecimento subtil do trabalho que ela vai desenvolver enquanto membro da família real, pela Commonwealth, da qual o Príncipe Harry é Embaixador da Juventude.
O maior projeto foi o véu, que demorou mais tempo a ser feito do que o próprio vestido: cerca de 500 horas. Clare Keller projetou um véu de tule de seda – com cinco metros de comprimento – guarnecido com bordados à mão, em fios de seda e organza, em que estão representadas as floras características de cada país da Commonwealth.
“Cada flor foi trabalhada plana, em três dimensões para criar um design único e delicado. Os trabalhadores passaram centenas de horas meticulosamente costurando e lavando as mãos a cada trinta minutos para manter o tule e os fios impecáveis”, refere o site da marca francesa.
Mais duas flores foram incluídas: a Wintersweet, que nascem na casa do casal, em Nottingham Cottage, no Palácio de Kensington, e a California Poppy, símbolo da Califórnia, cidade natal de Meghan. A ex-atriz norte-americana quis que fossem bordadas, também, em torno das flores, “as culturas de trigo”, como símbolos de amor e caridade. Em conversa com Clare terá dito: “Eu amo a história [do véu]”.
A atenção aos pormenores
Em março, a noiva e a estilista encontraram-se novamente no Palácio de Kensington. Meghan viu as primeiras imagens detalhadas do modelo final do vestido. Com apenas seis costuras “meticulosamente colocadas”, o vestido tem como focos o decote aberto, que molda os ombros e acentua a cintura. “As finas mangas a três quartos acrescentam uma nota de modernidade refinada”, segundo a Givenchy. A saia de baixo foi concebida em tripla organza de seda.
A última prova aconteceu no fim de abril. Meghan, acompanhada por Jessica, esteve na presença da designer, antes do vestido e do véu concluídos seguirem para o Castelo de Windsor, em maio, onde permaneceram em segurança, até ao dia do “sim”.
Só faltava mesmo o aval de Sua Majestade, a Rainha Isabel II que, como manda a tradição, teve que aprovar o traje que Meghan envergou no casamento com o neto. Segundo um amigo da agora duquesa revelou à Bazaar, não se trata propriamente de aprovação, mas de “partilhar um momento especial com a rainha e, possivelmente, obter algumas palavras ou conselho antes do casamento em si”.
O ensaio para o grande dia
A Capela de São Jorge, em Windsor, foi palco de dois ensaios antes do casamento real: um a 17 de maio e outro no dia seguinte (18). “Um véu fictício com exatamente as mesmas dimensões foi usado e as crianças estavam presentes”, revelou uma fonte à revista, acrescentando: “O tempo, a distância a que os pagens andavam atrás dela … tudo tinha que ser perfeito.”
“Há sempre coisas em que se pensa, mas eu tenho que dizer [a festa foi] muito boa a ensaiar… Era importante que eles se colocassem no lugar certo… No dia os rapazes sentiram-se muito confiantes. Eles estavam apenas a adorar o momento. Eles fizeram um trabalho fantástico”, assegura a estilista.
Na madrugada do dia antes da cerimónia, o vestido viajou do Castelo de Windsor para o luxuoso Hotel Cliveden House, onde Markle permaneceu com a mãe, Doria Ragland, na última noite de solteira.
O brilho em que esteve envolto o “dia d”
O dia em que o príncipe Harry e Meghan se tornaram duques de Sussex começou de madrugada. Às seis da manhã a ex-atriz e Clare, o cabeleireiro Serge Normant e o maquilhador Daniel Martin deram início ao processo de três horas e meia de preparação, no hotel. Segundo a diretora criativa da Givenchy, “ela [Meghan] estava apenas brilhando”.
A estilista seguiu num carro antes de a noiva e a mãe saírem para a Capela de São Jorge, para ajudar a noiva com o vestido e os pagens – Brian e John Mulroney – com o véu, mal Meghan chegasse à Escadaria Oeste da Igreja do Castelo de Windsor.
A criadora também esteve presente na sessão de fotografias oficial, na Sala Verde do Castelo de Windsor, captadas por Alexi Lubomirski, e revela que o príncipe Harry não tirava os olhos de Meghan: “Ele veio até mim e disse: ‘Oh meu Deus, obrigada’. Ela está absolutamente deslumbrante.”
Orgulhosa do resultado, a criadora afirma: “Eles estão tão apaixonados. Eu estava muito feliz por fazer parte disso. Foi um momento maravilhoso para os dois e estou muito orgulhosa”.