Concentrado na seleção nacional naquela que é a sua estreia num Mundial, o jogador está na boca de meio mundo por estar entre os que rescindiram contrato com o Sporting com justa causa. Polémicas que Bruno Fernandes não desejaria, principalmente nesta fase, contando com o apoio da mulher que, mesmo à distância, está sempre presente.
Ana Pinho e o craque subiram ao altar há quase três anos e têm uma filha em comum, Matilde, de 16 meses, que já vibra com os jogos do papá através da televisão. E também foi por elas e pela sua integridade, após os ataques na Academia de Alcochete, que avançou para a saída de Alvalade.
Em todo o processo, Ana manteve-se discreta e, nas redes, só foi partilhando algumas gracinhas daquela que é a grande prioridade do casal, Matilde, mostrando-se ainda orgulhosa da prestação de Bruno no último jogo da seleção nacional contra a Argélia, no Estádio da Luz.
Aos 23 anos, o futebolista da Maia é já um dos melhores portugueses na atualidade, um ano depois de ter chegado ao Sporting por 8,5 milhões de euros. Vinha de Itália, onde deu nas vistas no Novara, passou pelo Udinese e afirmou-se na Sampdoria.
O Calcio volta a ser hipótese, embora se fale num acordo com o rival da Segunda Circular, o Benfica, mas o futuro está mesmo em aberto para o jovem que começou a jogar no Infesta.
No clube do concelho de Matosinhos chamou a atenção do Boavista que o levou para o Bessa. Foi emprestado nos iniciados e juvenis ao Pasteleira, mas o talento foi crescendo e, nos juniores, um olheiro – que até veio observar um colega – não o deixou escapar, levando-o para terras transalpinas.
A seleção surgiu nas camadas jovens e esteve mesmo em bom plano nos Jogos Olímpicos de 2016, mudando-se do Udinese para o clube de Génova. Foi aí que despertou o interesse dos grandes portugueses.
O Sporting ganhou a corrida, mas uma época depois, surge o divórcio e litigioso, com a rescisão unilateral, explicada numa carta com 34 páginas. “Vim para o Sporting por causa de um projeto desportivo que já não existe, que se desmoronou por culpa exclusiva do Sporting Clube de Portugal”, justificou.
Mas as causas para sair vão mais além e Bruno Fernandes não escondeu o quanto os acontecimentos vividos ainda como jogador leonino o abalaram: “Ainda hoje acordo de noite, em sobressalto, com as imagens de terror que retive e que revejo e não consigo pensar em voltar àquele local.”
“Tenho 23 anos, amo o que faço, e sei que não o poderei fazer mais do que uma década, e sei que dependo, para alcançar os meus objetivos, não só do meu desempenho individual, como de um grupo de trabalho, motivado e respeitado. Tenho, pois, o direito a exercer a minha profissão em condições semelhantes e com a dignidade que o Sporting não me proporcionou”, acrescentou na despedida que não desejaria, pelo menos como aconteceu.
Mas, Bruno Fernandes esteve nos últimos dias salvaguardado em Kratovo, o quartel-general da seleção em território russo, treinando normalmente e sempre próximo daqueles que com ele partilharam todo o pesadelo, como William Carvalho, Gelson Martins e Rui Patrício.
O nortenho é aposta de Fernando Santos que há muito o seguia e aposta nele na linha avançada a par de Cristiano Ronaldo ou Gonçalo Guedes, com a cabeça limpa e pontaria afinada. A estreia é já esta sexta-feira, às sete da tarde (hora portuguesa) contra a Espanha, em Sochi.
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