Aos 40 anos, Lisa Brennan-Jobs partilha em “Small Fry” (em tradução “Menina insignificante”) a reavaliação que tinha com o pai que até demorou a reconhecê-la como filha.
No livro de memórias, a primogénita de Steve Jobs fala nos problemas que o pai lhe criou ainda em criança e nos momentos em que tentaram recuperar o tempo perdido já mais tarde.
Lisa nasceu em maio de 1978 e teve uma infância difícil, já que o seu cada vez mais famoso pai acabou por dizer não à paternidade e recusou pagar pensão nos primeiros anos.
No entanto, quando lhe perguntavam na escola quem era o seu pai, respondia sempre com orgulho: “Ele é famoso. Ele inventou o computador pessoal. Vive numa mansão e dirige um Porsche conversível”.
Em 1980, Jobs foi obrigado (após um teste de ADN) pelo tribunal a dar-lhe um apoio monetário, uns dias antes da Apple entrar em bolsa e de ele se tornar milionário.
Das memórias de então, Lisa recorda ainda que achava que o pai trocava o seu Porsche cada vez que tinha um arranhão e que até lhe pediu um quando ele já não precisasse. “Não vais receber nada. Percebes? Nada, não vais receber nada”, foi a resposta que ouviu.
A obra será lançada no início de setembro (mas já está disponível através do Amazon), e é a primeira vez que Lisa, que é escritora e jornalista, escreveu desta forma sobre o progenitor, que morreu a 5 de outubro de 2011, aos 56 anos, de cancro no pâncreas.
E é com os últimos dias de Steve Jobs que começa a narrativa. A autora conta que ele era acompanhado por um monge budista brasileiro, Segyu Rinpoche, que a aconselhou a tocar nos pés do pai.
Nessa altura, Lisa visitava-o todos os fins de semana e relacionava-se com a madrasta, Laurene Powell, e os três meios-irmãos. “Já tinha desistido da ideia de uma grande reconciliação, como as que acontecem nos filmes, mas continuei a ir mesmo assim”, reconhece quem até inspirou o nome do computador que foi o precursor do Macintosh.