Odette Ferreira, investigadora e ex-presidente da Comissão Nacional de Luta Contra a Sida, morreu este domingo, aos 93 anos, confirmou à Lusa fonte oficial da Ordem dos Farmacêuticos.
As cerimónias fúnebres decorrem esta segunda-feira, a partir das 19 horas, na Igreja do Campo Grande. Na terça-feira, pelas 15 horas, será celebrada missa, com o funeral a seguir para o Cemitério do Alto de São João.
Entre os maiores feitos científicos de Odette Ferreira, regista-se a identificação, pela primeira vez, do VIH de tipo 2 em doentes oriundos da Guiné-Bissau.
Nascida em 1925, Maria Odette Santos-Ferreira foi pioneira na investigação sobre a infecção VIH/sida e luta contra a doença em Portugal. Estudou a doença e avançou com os primeiros estudos seroepidemiológicos em Portugal, alertando políticos e a população para o risco do vírus.
Foi também Odette Ferreira a elaborar o primeiro programa de troca de seringas no país. Foi a impulsionadora do programa “Diz não a uma seringa em segunda mão” em 1993, traçando um plano de ação que consistia na entrega, em 2500 farmácias, de 200 mil kits, com um preservativo, um toalhete desinfetante e uma seringa esterilizada, entregues em troca de uma usada.
A Ordem dos Farmacêuticos lembrou hoje Odette Ferreira como “uma das mais proeminentes farmacêuticas do nosso tempo, com uma dedicação ímpar à profissão, à ciência e aos mais desfavorecidos”.
Também Marcelo Rebelo de Sousa lamentou o desaparecimento da investigadora, sublinhando o seu percurso “notável”.