Podia ter uma reforma sem sobressaltos, não fosse o suicídio da primeira mulher e a relação conflituosa que teve com a segunda. A condenação a uma pena suspensa por violência psicológica sobre a companheira, destruiu-lhe a imagem e 40 anos de carreira.
Foi o suicídio da mulher que pôs fim a um casamento de 35 anos. Fernanda Maria matou-se em 1996, com a pistola do marido, “foi à minha frente”, confessou Paco Bandeira no programa “Vidas Suspensas”, da SIC, esta terça-feira.
“Não tivemos discussão nenhuma, toda a gente sabe coisas que eu não sei. O que aconteceu é que fui dormir a sesta como sempre dormia, quando me levantei foi quando a Fernanda entrou no quarto e me disse coisas muito bonitas em relação a nós, e depois, deu um tiro na cabeça”, recordou, afirmando acreditar que a mulher lhe queria passar uma mensagem que não entendeu.
Nessa altura veio a descobrir que as filhas, Ana Paula e Maria Conceição, lhe tinham delapidado a fortuna.
Uns meses depois da morte da mulher, “oito ou nove meses depois”, conheceu Maria Roseta, uma técnica superior de reeducação numa cadeia, e 17 anos mais nova do que ele. Passaram a namorar à distância, ele em Sintra e ela em Coimbra, só se viam aos fins de semana.
Entretanto Maria Roseta engravidou, e depois de a filha nascer decidiram viver juntos. Segundo o artista ela era “mandona, altiva, autoritária, dava-se mal com as minhas filhas”, e à medida que a relação se ia degradando Paco foi começando a passar mais tempo longe, ia buscar a filha para passar os fins de semana consigo ao Alentejo.
Estavam juntos há 9 anos quando decidiram comprar uma vivenda para por em nome da filha Constança, “a seguir à escritura mudou logo o ambiente”. Quatro meses depois Maria Roseta saiu de casa levando a única filha em comum, Constança, na altura com 9 anos, e fez uma queixa à Associação de Apoio à Vítima dizendo que corriam risco de vida.
Paco Bandeira afirma que Roseta virou a filha contra ele, dizia-lhe que ele a queria matar e que “todos os pais eram pedófilos”. “A minha filha tinha medo de se chegar ao pé de mim”, relatou.
Os problemas continuaram. Três anos depois de Maria Roseta ter saído de casa o julgamento começou. Paco Bandeira foi acusado de ter armas e balas espalhadas pela casa para provocar intimidação, também foi acusado de ter aterrorizado a mulher e a filha com facas. A pistola com que a primeira mulher se suicidou, foi a grande prova que ajudou a que fosse condenado em 2012, a três anos e quatro meses de pena suspensa.
“Eu andava na rua e era o monstro que batia nas mulheres”, disse, recordando o modo como era olhado pelas pessoas, tendo-lhe sido cancelados “imediatamente” os concertos devido à acusação. Nunca mais recebeu qualquer convite. “Depois da sentença só fiz beneficência, só trabalho lá fora”.
Na altura foi incriminado pela própria filha, agora com 19 anos. Constança, entretanto, saiu da casa da mãe e apresentou, no ano passado, uma queixa na PSP de Oeiras contra a progenitora por maus tratos.
Paco Bandeira casou-se pela terceira vez em 2014 com a taróloga Gisela de Jesus. “O meu marido teve azar com as mulheres…com quase todas as mulheres”, aponta Gisela que trabalha para ajudar nas despesas, porque o marido “não tem dinheiro” para fazer frente às despesas. A reforma de Paco Bandeira são “cerca de 400 euros, mais 150 de reforma de viuvez, mais 800 da sociedade de autores de subsídio estatutário”.
“Conseguiram com talento”, arruinar-lhe a vida, depois de ter sido “mal acusado, mal julgado e mal condenado”, conta revoltado o artista que continua a reclamar inocência.