A criança afegã, Murtaza Ahmadi ficou conhecido em 2016 por usar uma camisola branca e azul feita com um saco plástico com o nome e o número de Messi, a estrela da seleção Argentina.
A imagem tornou-se viral e até o próprio Messi fez questão de se encontrar com o jovem fã e de lhe oferecer uma bola de futebol e duas camisolas autografadas. Agora, a agência espanhola Efe seguiu o rasto a Murtaza Ahmadi, e não trouxe boas notícias.
Murtaza e sua a sua família já não moram em Jaghori. Por causa do avanço dos talibãs – movimento nacionalista islâmico que se difundiu, principalmente no Paquistão e Afeganistão -, a família teve que deixar esta região que durante 17 anos foi considerada a mais segura e pacífica do país.
A pressa foi tanta de fugir que o fã de Messi nem teve tempo para levar a bola de futebol nem as camisolas assinadas pelo argentino. “Deixámo-las em Jaghori. Não pudemos trazê-los porque saímos de casa a meio da noite e a mãe pediu que deixasse a bola e as camisolas”, lamentou emocionado Murtaza, em declarações à agência Efe.
Hoje, moram em Cabul, capital do Afeganistão. “Aqui não tenho uma bola e não posso jogar futebol ou sair de casa” lamentou.
O encontro com Messi foi um sonho para o menino, mas depois passou a ser um problema: “Depois de Murtaza ter conhecido Messi no Qatar, a situação ficou muito complicada e vivíamos com medo, porque as pessoas à nossa volta pensavam que Messi nos tinha dado muito dinheiro”, revelou o irmão Humayoon Ahmadi, de 17 anos, explicando: “Temíamos que o sequestrassem, praticamente fechamos Murtaza em casa e não o mandamos para a escola durante dois anos”.
A família de Murtaza tentou o exílio no Paquistão, com a esperança de alcançar os Estados Unidos. Porém, o pedido de asilo foi recusado e tiveram que voltar ao seu povoado.
O menino está triste e cheio de medo, “cada vez que ele escuta alguma bomba ou o som de um disparo, corre para se esconder debaixo do meu xador (roupa feminina que cobre o corpo todo com exceção do rosto)”, contou Shafiqa, mãe de Murtaza.
Apesar de tudo não perde a esperança até porque não esquece a promessa que Messi lhe fez: “Disse-me que quando eu fosse um pouco maior, ia ajeitar as coisas na minha vida”.
Na altura Murtaza pediu ajuda ao jogador. “Leve-me consigo, aqui não posso jogar futebol, aqui só há ‘daz-dooz’ (criança a imitar os barulhos de explosões e tiros”, confessou.
A agência Efe estima, que só no ano de 2018, mais de 300 mil afegãos tenham sido obrigados a fugir das localidades em que viviam, vivendo da ajuda do Governo e de organizações não governamentais.