A apresentadora abriu as portas da sua casa ao programa “Alta Definição”, da SIC, para partilhar momentos que lhe marcaram a vida, nomeadamente a morte do namorado, Salvador Quintela, em 2014, vítima de um acidente de moto.
Maria Botelho Moniz mantinha um longo namoro de 10 anos com Salvador e já tinha casamento marcado para setembro de 2014. O namorado morreu, aos 29 anos, poucos meses antes da cerimónia.
“Com a morte do Salvador, eu senti a minha alma a morrer”, confessou. “É de uma violência que não sei descrever, eu soltei um som que nunca mais soltei na vida, é o som da tua alma a ser destroçada“.
Ele era o seu “confessionário”, contou, recordando uma espécie de premonição, quando naquela madrugada acordou “por volta das 5 da manhã sobressaltada. Sabia, era uma intuição, e nós éramos unha com carne. Senti uma dor no peito e ele não estava ao meu lado. Era suposto já ter chegado e ainda não tinha chegado. Comecei a ligar para o telefone dele e ninguém atendia. Comecei a entrar em pânico até que finalmente me atendeu um polícia que me fez umas perguntas muito estranhas e depois percebeu que era a namorada dele, pediu-me a descrição para ver se correspondia à mesma pessoa. Depois disse-me: ‘olhe, ele não está nada bem’, desligou-me o telefone”.
“Passado um bocado comecei a vestir-me e peguei no telefone outra vez e atendeu-me o mesmo polícia que me passou a chamada ao médico que o socorreu. Passou-me a um senhor que me perguntou se estava sozinha. Eu disse que sim e perguntei o que é que se passava. E ele disse: ‘olhe, fiz tudo o que podia, mas não o consegui salvar’. E de repente é saberes o que ouviste e não é real. ‘Salvar de que?’, ficas com mil e uma perguntas e não sabes responder e cais no chão”, descreveu, num relato emocionante a Daniel Oliveira.
“Lembro-me de olhar fixo no chão, balançar e começar a dizer repetidamente: ‘o que é que eu vou fazer?’. Foi a primeira coisa que me saiu. Parecia que estavam a passar slides daquilo que eu achava que a minha vida ia ser. Isto já não vai acontecer, isto também não, isto também não e tu nunca mais o vais ver. Parei. Os meus olhos encheram-se de lágrimas e a frase seguinte foi: eu quero a minha mãe. Quando te levam tudo, tu só queres a tua mãe”, recordou.
Apoiada por familiares e amigos, mas principalmente pela mãe, garantiu que o seu luto foi muito solitário: “Acho que a minha dor é muito diferente da dor dos amigos dele, dos meus irmãos, dos meus pais, dos pais dele. Esse processo foi mais solitário, eu tinha que resolver o que é que para mim a morte dele significava e o que isso ia mudar em mim e na minha vida, no que tinha projetado”.
“Eu tinha 29 anos e apesar de não ser casada, de estar a planear um casamento, eu já me sentia casada com ele, era parte da minha vida há 10 anos e tu ficares viúva com 29 anos, ou tiras daqui uma grande lição e pegas nisso para te tornares uma pessoa melhor ou então vais ter uma vida muito complicada”, explicou a comentadora do programa Passadeira Vermelha que diz estar numa fase de transição, a deixar de sobreviver para passar a viver.
“Eu sonhava que ele fosse o pai dos meus filhos, isso não vai acontecer. E isso foi das primeiras coisas que eu pensei logo a seguir: ‘Deus queira que esteja grávida’, eu só queria que ele me tivesse deixado um pedacinho dele. Agora, olhando para trás se calhar não tinha sido a melhor coisa. Há coisas que sei que não vão acontecer”, conclui, certa de que agora tem dois anjos da guarda, pois teve em abril de 2018 que enfrentar a morte do pai, que faleceu repentinamente, sem que nada o fizesse prever.
Após o programa, Maria agradeceu nas redes sociais as mensagens de apoio recebidas por quem assistiu ao seu testemunho: “Estou inundada de amor. Obrigada ❤️ Prometo responder a todas as mensagens mas agora vou só ali descomprimir um bocadinho e aconchegar-me no colo dos meus. Até já!”