Catarina Sequeira, de 26 anos estava grávida de 19 semanas quando teve um ataque de asma a 26 de dezembro. Esteve três meses em morte cerebral, ligada às máquinas de forma a permitir o desenvolvimento do bebé. O menino nasceu esta madrugada, 28 de março.
Salvador nasceu com 1700 gramas e 40 centímetros e tem um quadro favorável. Vai permanecer internado no serviço de neonatologia do Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto.
Catarina Sequeira descansa finalmente. O funeral da jovem mãe é esta sexta feira, às 15 horas, na Igreja Paroquial de Crestuma. Corpo de Catarina estará em câmara ardente esta quinta-feira a partir das 18 horas, na Capela Mortuária de Crestuma. Findas as cerimónias, o corpo será cremado no crematório de Paranhos, no Porto.
A missa de sétimo dia realiza-se na próxima quarta-feira, dia 3 de abril, às 20 horas na igreja de Crestuma.
A equipa responsável pelo parto deu esta manhã algumas informações sobre aquele que é o segundo caso de uma gestação com a mãe em morte cerebral no país. A gestação foi levada até às 31 semanas e seis dias. O parto estava planeado para esta sexta-feira uma vez que se iriam completar as 32 semanas, “a barreira entre o prematuro e o moderadamente prematuro”, explicaram.
Esta madrugada, a cesariana teve de ser realizada de urgência, visto que foram detetadas alterações nos sinais vitais do bebé.
Os médicos contaram que Catarina foi transferida para o hospital já depois de ter sido declarada a morte cerebral, na sequência de um ataque de asma agudo com hipoxia grave (privação de oxigénio), não tendo sido possível a reanimação. Permaneceu ligada às máquinas desde dia 27 de dezembro, tendo sido transferida para o Hospital de S. João há 56 dias.
Filipe Almeida, o médico que dirige a comissão de ética e o serviço de humanização do Hospital de S. João, disse que a decisão de prosseguir a gestação mesmo sendo irreversível a situação da mãe foi, desde o início, apoiada pela família. “Apesar de tudo conseguiu-se aquilo que era o objetivo primordial, levar esta gravidez tão longe quanto possível perante uma ponderação de riscos aceitáveis”.
O pai tem acompanhado o caso desde o início, sendo o “responsável direto e único” pela criança e tem contado com o acompanhamento da família materna.