O cantor português radicado no Brasil, morreu sem saber a gravidade da doença que o apoquentava há mais de dois anos.
O filho, Rodrigo Leal, de 43 anos, revelou esta segunda-feira durante o velório do pai, na Casa de Portugal, em São Paulo, que a família achou melhor não contar a Roberto Leal todos os detalhes sobre o cancro de que padecia. “Ele não parou, foi o que o fez viver. A gente mentiu para ele, ele não soube o que tinha até antes de morrer. Meu pai não tinha estudo, a faculdade dele era a da vida. A gente conseguiu ludibriar o meu pai em termos clínicos. Enquanto o cancro colocava mais um ponto no fígado, a gente dizia: ‘Você está com uma manchinha só’. A gente sempre driblando para que a cabeça dele nunca fosse abaixo“, cita a imprensa Brasileira.
Roberto Leal morreu aos 67 anos vítima de uma insuficiência hepática-renal, consequência de um melanoma maligno (um cancro de pele), que evoluiu e atingiu o fígado.
Rodrigo adiantou ainda que o pai nunca perdeu a alegria e a vontade de viver durante os tratamentos e que nem sequer perdeu um fio de cabelo. “A gente conseguiu preservá-lo com aquela imagem feliz, bonita, como ele gostaria de ser lembrado. É um guerreiro! Hoje descansa um guerreiro e um grande homem“, afirmou.
Mesmo com a doença, o cantor tinha espetáculos marcados até maio do ano que vem, afirma o empresário José de Sá. Roberto Leal deixou a mulher, Márcia, e três filhos: Rodrigo, Vitor e Manuela.
O velório de Roberto Leal acontece na Casa de Portugal, no bairro da Liberdade, em São Paulo, desde 7h às 14h desta segunda-feira. Depois, o corpo segue para o Cemitério de Congonhas, na zona sul da capital paulista, onde será enterrado às 15h.
Trajetória
Natural da aldeia transmontana de Vale da Porca, Trás-os-Montes, onde nasceu em 1951, Roberto Leal, cujo verdadeiro nome era António Joaquim Fernandes, emigrou para o Brasil com apenas 11 anos, na companhia dos pais e dos seus dez irmãos. Em São Paulo trabalhou como sapateiro e vendedor numa feira. Em 1978, protagonizou o filme “O milagre – O poder da fé”, inspirado na sua própria história. No final da década de 1980, veio morar para Portugal e passou a dedicar-se à música europeia, mas voltou para o Brasil em 1998, onde, dois anos depois lançou o disco “Roberto Leal canta Roberto Carlos”.
Em 1995, a banda “Mamonas Assassinas” lançou o hit “Vira-vira”, e o cantor viu aumentar a sua popularidade. Embora o tema satirizasse as suas músicas, Roberto Leal costumava dizer que se sentia homenageado pelo grupo.
O seu último trabalho foi “Arrebenta a Festa”, lançado 2016.