O duque de York, o terceiro filho da Chefe de Estado britânica, negou, numa entrevista à cadeia BBC divulgada na noite de sábado – para esclarecer os seus vínculos com o empresário norte-americano Jeffrey Epstein, acusado de tráfico sexual de menores e que foi encontrado enforcado na sua cela em Nova Iorque, em agosto – ter tido qualquer relação sexual com Virginia Giuffre: estava “em casa com os filhos” e foi a uma pizzaria.
Virginia Giuffre revelou ter tido relações com o príncipe entre 2001 e 2002, uma em Londres, outra em Nova Iorque e uma terceira na casa de Epstein nas ilhas Virgens. Giuffre é uma das 16 mulheres que declararam ter sido vítimas de abusos de Epstein.
Medical expert ‘baffled’ by Prince Andrew’s claims he ‘couldn’t sweat’ https://t.co/ddOamOMLG9 pic.twitter.com/EQKVu2OiQp
— Daily Mirror (@DailyMirror) November 17, 2019
O Príncipe André disse lembrar-se perfeitamente onde e o que estava a fazer no dia 10 de março de 2001 — uma das três datas que Virginia Roberts, agora Virginia Giuffre, diz ter sido forçada pelo filho da rainha Isabel II a ter relações sexuais, quando era ainda menor de idade. Nesse dia, o Príncipe André estava “em casa com os filhos”, tendo até levado a princesa Beatrice a uma festa no restaurante Pizza Express, em Woking, entre as 16h00 e as 17h00. Recorda-se perfeitamente até porque “ir ao Pizza Express em Woking” era “algo muito incomum”.
Virginia Giuffre afirma terem jantado juntos e dançado numa discoteca em Londres, a Tramps, antes de o Príncipe a ter obrigado a ter relações sexuais. A jovem sublinha que se lembra perfeitamente de o príncipe ter transpirado muito durante o encontro e diz ter tido mais duas vezes relações sexuais com ele.
Confrontado com todas estas informações, o filho da rainha Isabel II justificou que era impossível ter transpirado dessa maneira, uma vez que sofria de uma “condição médica” que o impedia de suar.
“Há uma série de coisas erradas nesta história. Uma dela é que eu não sei onde é que é o bar da discoteca Tramps. Eu não bebo. Acho que nunca comprei uma bebida no Tramps, sempre que estive lá”, explicou.
Questionado pela jornalista Emily Maitlis sobre se alguma vez conheceu a rapariga, o príncipe limitou-se a dizer que não se lembra.
André, cuja amizade com Epstein causou controvérsia no Reino Unido, admitiu ter ficado em casa de Epstein em 2010, depois da primeira condenação do empresário, embora o lamente “todos os dias” pois não o devia ter feito “por ser membro da família real”. O duque de York garantiu desconhecer as atividades ilegais de Epstein e afirmou que, embora tivesse visto “muitas pessoas a andar pela casa”, pensou que “eram funcionários”.
Os media divulgaram esta amizade e publicaram fotografias de 2010 onde se vê o duque na mansão de Epstein, em Nova Iorque a despedir-se de uma jovem, enquanto ela saía de casa, e uma outra em que aparecia André com a mão na cintura de Giuffre.
“I never saw any girls coming or going” #PrinceAndrew pic.twitter.com/AK2dUBLHFD
— Emi Natividad (@emiintvd) November 16, 2019
“Como explica isto?”, questionou a jornalista. O príncipe disse não ter “absolutamente memória nenhuma” de ter tirado aquela fotografia, mas reconhece ser ele. “Sou eu, mas se essa é a minha mão ou se essa é a posição…não me lembro simplesmente de a fotografia ser tirada”, acrescentando que os investigadores nunca conseguiram determinar a veracidade da imagem “porque é uma fotografia de uma fotografia de uma fotografia”.
O filho da rainha de Inglaterra confessou que que não se arrepende de ter sido amigo de Epstein devido às oportunidades que teve de aprender sobre o setor empresarial quando era enviado especial do comércio, antes de 2011.
Em comunicado, emitido em agosto, o Palácio de Buckingham divulgava que o Duque de York se sentia “horrorizado” pelas acusações de que era alvo. Veja aqui a entrevista na íntegra: