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Oscar Haro devastado com a morte do pai: “Pediram-me permissão para deixá-lo morrer”

O Diretor desportivo da equipa de Moto GP LCR Honda perdeu o seu pai sexta-feira passada, poucos dias depois de ter testado positivo à Covid-19. Espanha vive uma das situações mais dramáticas à escala global na luta contra o coronavírus, e o progenitor de Oscar Haro junta-se agora à longa lista de mortos pela pandemia mundial do século XXI.

Oscar Haro está arrasado e indignado porque, de acordo com seu próprio relato, o pai foi um daqueles em que tiveram que decidir se seria salvo ou se o deixariam morrer. O motociclista chorou amargamente nas redes sociais porque o seu progenitor morreu devido à falta de ventiladores e aponta o dedo ao governo e aos espanhóis.

 

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NADIE DEBERÍA DE MORIR SOLO, mi padre empezó a trabajar con 14 años hasta los 65, NUNCA PIDIÓ NADA , el Miércoles le hacía falta un Respirador para no morir y “SE LO DENEGARON”. Su médico (tremenda persona y profesional) me llamo con lágrimas para pedirme permiso para dejarle morir. ESTA ES LA ESPAÑA QUE TENEMOS. Esta generación ha sido la que construyó este PAÍS, sus pantanos, carreteras, agricultura, trabajando 14 horas diarias, saliendo de una Post Guerra .. Y LOS ESTAMOS DEJANDO MORIR. Mi madre sigue encerrada en casa, sin poder abrazarla, besarla, consolarla, dio positivo y no quiere volver al hospital porque teme que también LA DEJEN MORIR. QUE NOS ESTÁ PASANDO?? QUIEN NOS ESTÁ GOBERNANDO? Yo tuve que firmar una confirmación de infección para llevar a mis padres a Urgencias por que no había Ambulancias y a mis padres se les iba la vida mientras esperaban moribundos en el centro de Salud (creo que hay “POLÍTICOS” con ambulancias en sus casas aparcadas). Solo espero que no muera más gente, que nadie sufra lo que yo he sufrido y que haya UN ANTES Y UN DESPUÉS en todo esto. Tenemos EL MEJOR PAÍS DEL MUNDO y lo estamos dejando morir, no quiero buscar culpables, todos sabemos lo que hacemos, tan solo QUIERO QUE MI HIJA CREZCA EN UN PAÍS CON LOS MISMOS VALORES QUE TIENEN ESTAS PERSONAS A LAS QUE ESTAMOS DEJANDO MORIR… Mucha fuerza a todos y no salgáis de casa para nada, recordar esto, DE CASA SE SALE, DEL AGUJERO NO!!

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De luto, o diretor da equipa Honda quis partilhar o seu relato nas redes sociais, num vídeo, onde conta, que além da dor de ter perdido o pai, lamenta o facto de não poder confortar a mãe também infetada, fechada em casa sozinha, com medo de ir para a hospital e que também a deixem morrer.

Não entendo por que razão havia gente nas ruas num domingo, mas acredito que se tivesse havido um pouco mais de informação poderíamos ter sido mais inteligentes. Seguramente que a esta hora o meu pai não estaria morto“, acusa.

Ninguém devia morrer sozinho. O meu pai começou a trabalhar aos 15 e só parou aos 65. Nunca pediu nada. Na quarta-feira, ele precisava de um ventilador para não morrer e eles negaram-no. O médico chamou-me, em lágrimas, para me pedir autorização para o deixar morrer. Esta é a Espanha que temos. Estamos a deixar morrer estas pessoas. A minha mãe está fechada em casa, sem que possa abraçá-la, beijá-la, consolá-la. Também acusou positivo e não quer ir ao hospital, porque tem medo que a deixem morrer”, começa por dizer, visivelmente emocionado.

Na segunda-feira, o meu pai e a minha mãe deram positivo ao coronavírus. Levei-os às urgências. Não voltei a ver o meu pai. A minha mãe pediu para receber alta porque queria cuidar do meu pai. Isolaram-no até morrer, na sexta-feira. Não entendo por que razão morreu. Não entendo como uma pessoa que trabalha desde os 15 anos, sempre a descontar para pagar impostos, morre porque não há ventiladores, porque não o podem continuar a tratar, pois há uma lei que diz que com mais de 75 anos já não interessa cuidar das pessoas e deixam-nas morrer”, explicou para que se perceba que entre o internamento e a morte pode ser um processo muito rápido, devido ao caos que se instalou nos hospitais do país vizinho.

Dizem que temos um serviço de saúde incrível, mas não têm luvas, batas ou máscaras para usar. Não entendo como o meu pai, que está desde os 15 anos com a sua mulher, não se pôde despedir dela. Só sei que vejo dinheiro por todos os lados, como sempre, e que estamos a deixar morrer uma geração que fez este país sair da guerra, que trabalhava 16 horas por dia para alimentar os seus filhos e criar uma família. Famílias com quatro ou cinco filhos, como a minha que vivia num apartamento com 60 m2 e uma casa de banho, mas onde nunca faltou amor. Não como agora, que temos um ou dois filhos porque somos egoístas. Vejo o meu pai morto, a minha mãe fechada em casa e não posso pegar na minha filha porque tenho medo, pois ela só tem três semanas. Não entendo por que o meu pai não vai poder levar a neta a ver a sua horta. Dei a volta ao Mundo umas cem vezes, vivi em muitos países e garanto que temos o melhor país do Mundo. Mas vamos cuidar dele, por favor”, conclui em lágrimas.

 

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