Cultura

Livraria Lello reage à revelação de J.K. Rowling e convida-a a regressar ao Porto

J.K. Rowling, autora da saga Harry Potter, fez referência no dia 21 de maio, no Twitter, à livraria Lello, quando tentou clarificar algumas relações feitas entre lugares verídicos e inspirações para a obra.

Por exemplo, nunca visitei esta livraria no Porto. Nunca soube da sua existência! É linda e eu gostaria de a ter visitado, mas não tem nada a ver com Hogwarts!“, escreveu. “Então não é o local de nascimento“, afirmou, deitando por terra a ideia de que a escadaria da escola das suas obras seria inspirada na da livraria da Invicta.

No entanto, J.K. Rowling não deixou de falar da cidade do Porto com uma referência a um dos mais belos e representativos exemplares de Arte Nova da cidade, o Café Majestic. “Animem-se as pessoas que estão decepcionadas com a livraria no Porto, escrevi aqui algumas vezes. Este foi provavelmente o café mais bonito que eu já escrevi, na verdade. O Café Majestic na Rua Santa Catarina“, assinalou a escritora depois de ter desiludido muitos dos seus fãs.

Mais de uma semana depois da revelação da escritora britânica, a administração da Lello reagiu à revelação de Rowling com uma carta aberta a “Alguém que Nunca Visitou a Livraria Lello… (Mas Gostaria de o ter Feito)“. Segundo a livraria, o Porto está para Harry Potter como Liverpool está para os Beatles.

A Lello salienta que J. K. Rowling “reconhece que a Livraria é muito bonita e confessa ainda que desejaria (<>) tê-la visitado” e agradece “a simpatia de J.K. Rowling e a convida a cumprir esse desejo recíproco com o mesmo espírito com que a cidade de Liverpool recebeu os Beatles depois de eles se terem tornado famosos em Londres“.

William Shakespeare nunca saiu de Inglaterra mas situou o Romeu e Julieta em Verona, escreveu o Mercador de Veneza e deu vida ao Príncipe da Dinamarca chamado Hamlet. As suas peças produziram personagens tão fortes que levaram Nietzsche a concluir que o Júlio César imperador nunca existiria se Shakespeare não o tivesse inventado, séculos depois do seu assassinato no Senado Romano.

Embora Tchaikovsky nunca tenha passado pelo Porto, sabemos que J.K. Rowling ouviu muito a sua música quando viveu na nossa cidade. Não será, por isso, excessivo concluir que o Tchaikovsky que a partir de agora se ouvirá na Livraria Lello às cinco da tarde continuará a inspirar quem sonha com Hogwarts na famosa escadaria da livraria“, sublinha a missiva.

Desta forma daremos sequência ao pacto ficcional proposto por Eco. Respeitando sempre a mensagem deixada pelo grande semiótica em Harvard: “Nem eu, como autor das minhas obras, posso entrar pelo bosque da ficção como se estivesse a entrar no meu jardim privado“, refere o recado assinado pela Administração da Livraria Lello, que termina com um agradecimento à autora da série de sete romances sobre o tão famoso bruxo.

Note-se que este sábado, 30 de maio, ao fim de dois meses de portas fechadas, a livraria Lello reabriu ao público. Houve ambiente de festa no regresso à actividade normal assinalada com a oferta de um mês de visitas gratuitas e acompanhadas.