Ao revelar os seus novos iPhones, a Apple dá um grande destaque ao fato de eles serem os primeiros aparelhos no mundo a serem alimentados por um novo tipo de chip. Isso permitirá que os proprietários executem tarefas como editar vídeos em 4K, aprimorar fotos de alta resolução e jogar videogames com uso gráfico mais suave do que era possível antes e o melhor: usando menos bateria!
Há quatro anos, muitos especialistas do setor duvidavam que tamanho progresso poderia ser alcançado tão cedo, o que ocorreu graças à engenhosidade de uma empresa holandesa relativamente desconhecida – a ASML. A empresa é pioneira numa maneira de esculpir padrões de circuitos no silício por meio de um processo chamado litografia ultravioleta extrema (EUV).
Custos das máquinas
Apesar de custarem US$ 123 milhões (cerca de 104 milhões de euros) cada, um alto preço em relação a outras ferramentas da indústria de semicondutores, as máquinas de chips fabricadas pela empresa holandesa são mais económicas do que as opções alternativas, e a principal razão é a baixa taxa de defeitos. O custo-benefício é o melhor para quem compra.
O “processador de cinco nanómetros” envolvido refere-se ao fato de que os transistores do chip foram reduzidos. Os minúsculos interruptores liga-desliga agora têm apenas cerca de 25 átomos de largura – permitindo que bilhões a mais sejam incluídos. Efetivamente, isso significa mais poder de
processamento para absolutamente todas as atividades do usuário. Até mesmo a experiência de um jogo num site de apostas é revolucionada com tamanho processamento.
Litografia ultraviolenta extrema?
“Pegamos uma gota derretida de estanho e disparamos um laser industrial de alta potência sobre ela, que basicamente a vaporiza e cria um plasma”, explicou o porta-voz da empresa, Sander Hofman. “E esse plasma brilha luz ultravioleta”, acrescentou.
“Isso tudo acontece 50.000 vezes por segundo – então 50.000 gotas são atingidas – o que cria luz suficiente para capturarmos com uma série de espelhos – os espelhos mais planos do mundo.”
Um projeto de design do chip é codificado na luz, acrescentou o porta-voz, ao passar por uma máscara e ser encolhido em seguida com uso de lentes. Logo após, o design atinge um revestimento sensível à luz em uma lâmina de silício, fazendo com que o chip seja “impresso”.
Ao que os “5 nm” se referem exatamente?
Um nanômetro é um bilionésimo de um metro. Essa é aproximadamente a velocidade que um cabelo humano cresce a cada segundo. Os transistores costumavam ser medidos em termos da largura de uma parte conhecida como “gate”. Mas, cerca de uma década atrás, uma mudança na maneira como foram projetados fez com que a referência nanométrica parasse de ser amarrada a uma única geometria.
Hoje a referência de 5nm é pouco mais que um termo de marketing e duas fundições usando a mesma designação podem oferecer transistores com desempenho diferente. No entanto, para ajudar a imaginar o quão pequenos são os novos transistores da Apple, existem cerca de 171 milhões dispostos em cada milímetro quadrado.
Smartphones mais inteligentes
Mudar o processamento para 5 nm é a chave para tornar os aparelhos mais inteligentes. À medida que os chips avançam, mais tarefas que costumavam ser enviadas a servidores de computadores remotos para processamento podem ser feitas localmente. Já existem smartphones capazes de transcrever notas de voz e reconhecer pessoas em fotos sem a necessidade de uma conexão com a internet.
Agora, trabalhos de “inteligência artificial” ainda mais complexos se tornam possíveis, potencialmente ajudando os smartphones a compreender de melhor forma o mundo ao seu redor.