O filho mais velho de Pedro Lima foi sempre muito discreto até à morte do pai, que aconteceu no fatídico dia 20 de junho de 2020. Após a morte do ator, o jovem começou a ser alvo da curiosidade dos fãs do progenitor, que transferiram admiração que tinham pelo artista para o estudante de marketing, que aproveitou o mediatismo para dar voz à causa que levou o progenitor a desistir da vida aos 49 anos.
Esta segunda-feira, João Francisco Lima, de 21 anos, marcou presença no programa da SIC, “Júlia”, para falar publicamente pela primeira vez da sua realidade.
Com um testemunho poderoso, o jovem deixou um ensinamento precioso, ao mesmo tempo que lida com uma perda devastadora e a consciência de que foi uma depressão que matou Pedro Lima.
“Agora, nos últimos tempos, sentia (que ele não estava bem), e não só sentia como ele partilhava comigo. Ele dizia que estava triste, que se sentia preocupado, sentia-se desanimado“, revelou, mostrando que o pai dividia com ele e com o resto da família as suas fragilidades. Todos estavam conscientes do que se estava a passar.
“É um choque, é um trauma muito forte“, sublinhou, respondendo a Júlia Pinheiro: “Relativamente à pergunta que me fizeste se estou bem? Não, não estou, como é óbvio, e sinto-me bem em não estar“.
“Isso é uma das coisas que tenho feito questão de passar às pessoas que estão à minha volta“, explicou João, em coerência com a causa que abraçou há pouco tempo. O filho de Pedro Lima juntou-se à Ivory Lisboa, com o objetivo de ajudar a promover a importância da saúde mental, a sensibilização do tema e a quebra do estigma.
“Para estarmos a ter esta conversa aqui hoje, é exatamente porque comecei a tentar ter uma voz mais ativa à volta desta dinâmica que é a saúde mental e que começa por eu ser coerente com aquilo que estou a tentar passar às outras pessoas, e a principal coisa é sermos verdadeiros connosco próprios e termos a capacidade de assumir: Não estamos bem“, justificou. “Estou triste, tenho um sentimento de falta muito grande, saudades…isso vou ter sempre“, assumiu.
Não tem horas para chorar, “choro com frequência“, admitiu. “Tenho de estar confortável com a forma como estou a lidar com as coisas. Estou a ter o acompanhamento correto. Tenho consultas com uma psicóloga semanalmente, todos nós estamos a ter, e eu faço questão de quando estou com as pessoas à minha volta digo que vou à psicóloga, que vou fazer a minha terapia. Faço questão de verbalizar esta ação no sentido de a normalizar“.
“Mas continuo com o foco no sítio certo e tentar fazer o meu caminho“, sublinhou, contando que procura “criar momentos de alegria” acabar o seu curso e “fazer a diferença na vida de alguém” com o seu testemunho, pois “pequenas ações podem fazer a diferença“. Até porque tem uma vida pela frente e “os momentos que vivemos (pai e filho) foram vividos ao máximo e não ficou nada por dizer“.
Embaixador da marca VORY, que tem um propósito que vai muito além da moda, João Francisco representa uma das cores da roupa da marca, “a da saúde mental“, e tem feito “questão de vestir a camisola em todos os sentidos da palavra“.
Aprendeu com o problema do pai, que a depressão, é uma doença. “Por muito invisíveis que sejam as depressões são doenças, patologias que têm que ser tratadas“, frisou, acrescentando: “Uma pessoa deprimida não está fraca, está doente“.
Apesar de ser “muito protetor“, não sente a pressão de ser agora o chefe de família, há outras pessoas que asseguram esse papel. No entanto, tal como aprendeu com o falecido pai, faz questão de “agregar“, “para que tudo esteja o melhor possível” e “de saber se estão realmente bem“.
“A única lição é aprender com o que aconteceu“.