Passado 21 anos juntos, ainda há coisas que Manuel Luís Goucha não conhece do marido. Por isso, marcaram encontro no programa da tarde da TVI para uma conversa franca, que começou emotiva.
Rui Oliveira Nunes “desabou”, ao falar da falecida mãe, uma “lutadora” que teve 11 filhos aos quais proporcionou – juntamente como pai, marceneiro de profissão e bon vivant – uma infância feliz, vivida grande parte em Angola, onde Rui nasceu. “Tive uma infância muito feliz porque éramos uma família muito unida, de casa aberta, e que gostávamos de receber. A minha mãe gostava que pudéssemos trazer os nossos amigos até nossa casa“, recordou emocionado, descrevendo a mãe como lutadora, resiliente e amorosa.
Da mãe, Rui Oliveira confessou “ter saudades de tudo, da pessoa a quem se confessa tudo mesmo quando os filhos fazem disparates… Era uma mulher muito bonita, muito coquete, gostava de saltos altos, fazia a própria roupa, assim como as dos filhos. Falo muito com ela, porque os meus mortos são muito homenageados“. E são esses mortos que Rui evoca cada vez que o marido entra num programa novo ou algum problema os apoquenta.
“É a primeira vez que te vejo comovido, em 21 anos, tu tens-me visto muitas mais vezes“, constatou Goucha que, após as bonitas recordações do marido, mudou o assunto para a relação dos dois, onde se percebeu o amor e admiração mútua do divertido casal homossexual que, com a naturalidade que o carateriza, arrecadou o respeito dos portugueses.
“Por que é que te apaixonaste por mim?“, questionou o apresentador. “Fui convidado para um jantar na noite de Santo António (…) estávamos numa brincadeira e, à saída do restaurante acho que nos abraçamos e tu derreteste-te a rir e depois, passado uns dias, estava eu em casa e foi quando tu me tocas-te à campainha“, lembrou Rui. “Então fui eu que me atirei“, admitiu com graça Manuel Luís.
Viver com a estrela da televisão “não é fácil“. “Como não deve ser fácil viver com pessoas que tem o mesmo trabalho. São pessoas com o ego muito grande, e que nós temos de nos habituar a isso e saber se queremos ou não viver com essa pessoa“, explicou Rui.
“Mas eu acho que cada vez mais o meu ego está mais domesticado, não está?“, perguntou Goucha, ao que o marido respondeu: “Mas são 21 anos, houve momentos em que não sabia como atuar. Era a primeira vez também que vivia com um homem, embora tivesse tido relacionamentos com homens, mas nunca tinha vivido com eles, vivi sempre com mulheres. E no início, não sei se te lembras, eu disse: ‘Eu não venho para destruir, eu venho para construir’“.
“Temos construído muito porque apoiamo-nos um ao outro e nos complementamo. Sendo diferentes comungamos para remar no mesmo barco“, disse ainda Rui, que foi interrompido por Goucha, que lhe agradeceu publicamente “o muito cuidado” que o companheiro tem para com a sua mãe.
“O que é que faz o nosso casamento prosseguir?“, questionou depois Manuel Luís.
“Primeiro porque temos sentimentos que nos ligam por aquilo que sentimos um pelo outro, e depois já foram tantas as lutas que nós tivemos que são marcos importantes de conquista, que não podem desvanecer de um momento para o outro. Sabemos que todos os casais têm problemas, e nós também os tivemos e se calhar ainda vamos ter, mas o importante é a solução e não o problema“, explicou o convidado que ainda foi questionado com a difícil pergunta: “O que mais gostas em mim?” “Gosto da tua generosidade, gosto do ser que és, da forma frontal com que às vezes tratas as coisas. Do teu ímpeto, que às vezes não é racional…“. Mas Rui Oliveira Nunes também deixou claro do que não gosta no companheiro: “Não gosto de ti quando me corriges“.
Antes de inaugurar o espaço de culinária no seu novo programa, onde Rui será presença assídua, Manuel Luís terminou a conversa com uma declaração de amor, à qual o marido retribuiu com um sorriso rasgado: “Fiquei a amar-te muito mais hoje“.
No papel de chef, Rui preparou uma esmagada de batata com grelos de nabo e queijo parmesão, que acompanhou com costeletas de borrego. Mas a diversão continuou na cozinha, com Monty, o cão da raça Yorkshire Terrier, a juntar-se ao casal.
