Morreu este domingo, aos 84 anos, no Hospital Militar, o coronel Otelo Saraiva de Carvalho, figura-chave e estratega militar da Revolução dos Cravos.
Otelo Nuno Romão Saraiva de Carvalho nasceu em Lourenço Marques, hoje Maputo, capital de Moçambique, a 31 de agosto de 1936.
Foi mobilizado para Angola, em 1961, como capitão de artilharia, ali permanecendo em comissão de serviço até 1963.
Reconhecido como um militar particularmente vocacionado para a tática de artilharia, foi o responsável pela elaboração do plano global do golpe militar que pôs fim termo à ditadura do Estado Novo. Desempenhou o papel de estratego do setor operacional da comissão coordenadora do MFA, condição em que dirigiu as operações do 25 de Abril, a partir do posto de comando clandestino instalado no quartel da Pontinha.
À medida que as divisões internas do MFA se foram acentuando, Otelo tornou-se um dos militares mais radicais do movimento.
Dez anos depois da revolução foi preso sob a acusação de ter liderado a organização terrorista de extrema-esquerda FP-25, que operou em Portugal entre 1980 e 1987. E em 1986, candidatou-se nas primeiras eleições presidenciais livres depois da queda da ditadura, que perdeu para Ramalho Eanes.
Em 2011 confessou que se soubesse como o país ia ficar não teria realizado o 25 de Abril.