As lágrimas desta mãe não secaram durante os quase oito anos de luto. Judite Sousa perdeu o filho André no dia 29 de junho de 2014, após este ter batido com a cabeça numa piscina. Tinha 29 anos.
Esta quinta-feira, a jornalista da CNN Portugal foi convidada do programa Goucha da TVI, onde falou abertamente sobre a morte do seu único filho e do processo que enfrentou para amenizar a maior dor do mundo.
Em setembro do mesmo ano Judite Sousa regressou ao trabalho. Agora acredita que errou, pois “o luto devia ter sido feito nessa altura“.
Em 2019 saiu da TVI “por mútuo acordo” e foi nesse período que esteve sem trabalhar que fez o luto. “Imaginei que nunca mais faria televisão. Houve pessoas que anunciaram a minha morte profissional prematuramente, como agora é público e notório… Acontece que esse tempo coincidiu com a pandemia. Durante alguns meses aproveitei para passear, quando surgiu a pandemia fiquei em casa, vi todas as séries, escrevi, li e fiquei a fazer o meu luto que não tinha feito há 7 anos“, confessou Judite Sousa a Manuel Luís Goucha. “Acabei por fazer o luto durante estes últimos 3 anos“.
“O tempo não resolve o problema de fundo, como é óbvio“, assumiu, citando o cardeal, poeta e teólogo português José Tolentino de Mendonça: “A morte de um filho é um naufrágio“. “Sobrescrevo essas palavras inteiramente. Sinto-me uma naufraga para a vida toda. Eu e o pai“, explicou, sem conseguir conter as lágrimas.
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“O André era um ser humano excecional“, lembrou a mãe com um sorriso, admitindo que foi muito exigente com a educação do filho que se tornou um jovem bem sucedido e que viveu a vida “intensamente” e com muito sentido de humor. “O tempo ajuda-nos a vermos os acontecimentos trágicos de uma outra forma…com mais serenidade, com mais ponderação“.
André Sousa Bessa tinha muitos e bons amigos, que ainda hoje mantêm uma forte relação com Judite Sousa. Alguns entraram em direto no programa testemunhando essa forte amizade. “Os meus melhores amigos são estes jovens. Porque muitos outros amigos, pessoas que me acompanhavam há 40 anos, voltaram-me as costas…Não aguentaram o peso das minhas lágrimas“.