O ator Luís Aleluia morreu esta sexta-feira, 23 de junho, aos 63 anos. A notícia deixou o país em desalento por tão inesperado desfecho.
Disponível e preocupado com os outros, Aleluia era um homem bondoso, que só pensava em ajudar. Passou a manhã na Casa do Artista onde deu seguimento a assuntos burocráticos e visitou utentes, como foi o caso de Natalina José que se encontra a recuperar de um acidente de automóvel naquela instituição . “O Luís era o mesmo” de sempre, frisou ao telefone a atriz completamente destroçada no programa “Noite das Estrelas” da CMTV, reforçando não ter percebido qualquer alteração de comportamento no colega.
Após ter deixado mensagens enigmática na sua conta de Instagram e Facebook, por volta da hora do almoço, Luís Aleluia deixou de atender telefonemas e de responder a mensagens.
Mais tarde, já noite, foi encontrado sem vida numa garagem perto de sua casa, local onde guardava adereços de teatro de peças que em que participava.
Nada fazia prever este desfecho. Aparentemente Luís Aleluia vivia dias plenos ao participar ativamente na gestão da Casa do Artista onde era um membro da direção. Ainda na semana passada foi um dos padrinhos da marcha do Bairro Alto ao lado de Sónia Brazão, e estava a trabalhar na novela “Festa é Festa”, da TVI.
Este mês também apadrinhou orgulhosamente o casamento de Márcio e Ana Rita, que fizeram parte dos noivos de Santo António.
Premiado com várias distinções pela sua atividade de ator, Luís Aleluia foi também autor, encenador e produtor de espetáculos. O artista foi sobretudo um homem bom, solidário e empático, que deixou viúva e dois filhos que adotou.
“Façam o favor de ser felizes. 🙏”, foi a sua despedida para os seguidores das redes sociais e principalmente para a sua amada Zita e para os seus dois meninos.
Luís Aleluia não teve uma infância fácil. Ele e a mãe foram vítimas de violência doméstica por parte do padrasto, situação que o levou a ser institucionalizado na Casa do Gaiato, em Lisboa, e temporariamente impedido de ver a mãe. “Se eu sofri, que era filho, faço ideia do que ela sofreu sendo eu filho único. O sofrimento dela deve ter sido muito maior do que o meu“, revelou em “Alta Definição”.
“Ele trancava a porta de casa mas por dentro, com a chave metida na fechadura, para depois não podermos tirar. Lembro-me com sete, oito anos, subir pelo telhado e depois tirava a chave por dentro. São coisas que uma criança nem deve passar, nem deve viver porque isso vai-lhe marcar a vida toda“, lamentou na altura.
Viveu na Casa do Gaiato dos 9 aos 16 anos, onde formou o seu caráter.
Como ele dizia, há dores que marcam toda uma vida.