“A mais parisiense das inglesas deixou-nos“, escreveu Anne Hidalgo, presidente da câmara de Paris, no Twitter, sobre Jane Birkin, nascida em Londres e naturalizada francesa.
Jane Birkin, la plus parisienne des Anglaises nous a quittés. Nous n’oublierons jamais ses chansons, ses rires ou son accent incomparable qui nous ont toujours accompagnés. Toutes mes pensées à sa famille, à celles et ceux qui l’ont aimée. Et ils sont nombreux. pic.twitter.com/bIOEV0lieD
— Anne Hidalgo (@Anne_Hidalgo) July 16, 2023
A cantora, atriz e ícone de moda foi encontrada morta este domingo, aos 76 anos, em sua casa, em Paris. A causa da morte ainda é desconhecida. Em 2002 foi falada por causa da sua saúde, quando foi diagnosticada com leucemia. Ela própria chegou a falar sobre os anos de excessos na juventude, a sua relação com o álcool e como o cancro mudou os seus hábitos.
Jane Birkin foi uma ‘it girl’ da década de 1970. Depois de todos estes anos, é ainda uma das musas mais aclamadas do mundo da moda. O seu estilo marcou uma geração e ficou como inspiração para estilistas e designers. Conseguiu combinar o estilo elegante parisiense com a descontração londrina.
Usou com naturalidade os minivestidos de Paco Rabanne feitos exclusivamente para si, tornou obrigatórios os jeans de cintura alta e boca de sino, os blazers oversize ou e barriga à mostra, mas a franja desalinhada e o cabelo desgrenhado eram a sua imagem de marca.
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Não foi por acaso que Jean-Louis Dumas, ex-CEO da Hermès, quando a conheceu em 1983 num avião, durante um voo de Paris para Londres, a tenha escolhido como musa.
A cesta de vime algarvia
Jane Birkin usava uma cesta de vime de Castro Marim, Algarve, quando o diretor da marca de luxo Hermès se sentou ao seu lado nesse voo. Birkin colocou a cesta no compartimento superior do assento e o conteúdo caiu ao chão. Deu como explicação a Dumas que tinha sido difícil encontrar uma mala de pele que gostasse. No ano seguinte, este criou uma mala preta de couro especialmente para ela: a Birkin.
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A casa Hermès apresentou em 1984 aquela que ainda hoje é uma das carteiras mais cobiçadas do mundo. As características de assinatura incluem o distinto fecho de aba, alças duplas e ferragens de metal. Um símbolo de status, luxo e exclusividade.
O seu estilo e guarda-roupa perpetuaram-se até hoje. A sua filha Charlotte Gainsbourg, cantora e atriz, é uma de suas herdeiras em termos de estilo e está associada à casa Chanel há mais de duas décadas como embaixadora da marca. Também a outra filha, Lou Dillon, é uma referência em França. Com personalidades únicas, percebe-se a herança da mãe.
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Ao lado de Serge Gainsbourg, Jane Birkin protagonizou um dos casamentos mais comentados do showbusiness. Conheceram-se em 1969 ela tinha 22 anos e ele com 40. Serge Gainsbourg saía de um relacionamento conturbado com a atriz Brigitte Bardot.
Gainsbourg e Birkin ficaram na história também pelo tema “Je t’aime… moi non plus“, canção próprio cantor e compositor francês. O sucesso musical tinha sido escrito para Brigitte Bardot, que o interpretou primeiro. Mas na sequência dos desentendimentos com Gainsbourg, este pediu à sua nova paixão que a cantasse para ele no ano seguinte. Com o sotaque ligeiramente britânico que encantava os franceses, Jane Birkin levou a canção a todo o mundo.
Foram pais de Charlotte, em 1971. A relação cheia de altos e baixos acabou em 1980, quando Jane deixou Gainsbourg, cansada da vida boémia, do alcoolismo e das repetidas traições, com alguns episódios violentos.
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Em 2013 Jane Birkin viria a sofrer um episódio terrível: a morte de Kate Barry, a sua filha mais velha, fruto do casamento da artista com o compositor John Barry, famoso por assinar as trilhas sonoras da saga “007”. Fotógrafa, Kate morreu em dezembro daquele ano em Paris, aos 46 anos.
Kate teve uma queda fatal do quarto andar do seu apartamento em Paris. Um incidente considerado suicídio. Pouco tempo antes, Jane Birkin havia sido confrontada com a sua própria morte, numa longa batalha contra a leucemia. “A minha própria história não me atingiu tanto. Foi um puxão de tapete desleal da vida. O pior sempre me pareceu perder os outros. Esse é o drama real. Tinha confiança em mim numa só coisa: ser mãe. A morte de Kate transformou tudo em caos. Fiquei completamente perdida por bastante tempo. Não sabia nem mesmo o que fazer. Nem para ajudar as minhas outras filhas a combater a morte de sua irmã“, confessou numa entrevista .
Birkin foi também companheira do diretor Lou Doillon durante 13 anos, com quem teve a sua última filha, Lou, em 1982.
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