A Companhia de Teatro emblemática do Porto, Seiva Trupe, que celebrou 50 anos no ano passado, está de regresso em 2024 com “Noite de Solidão no Capim”.
A nova peça vai estrear no dia 7 de março na Sala Estúdio Perpétuo e estará em cena até ao Dia Mundial do Teatro, 27 de março. Seguirá depois em digressão pelo país.
O texto e encenação é de Castro Guedes, e conta com os atores Óscar Branco e Fernando André. O cenário sonoro estará a cargo do músico Fuse.
A peça seguirá em digressão por várias localidades do país: 19 de Abril no Cine-Teatro António Lamoso, Santa Maria da Feira; 26 e 27 Abril estará no Auditório da Junta de Freguesia de Carvalhosa e Salão Paroquial de Freamunde; 17 e 18 Maio sobe ao palco do Centro Cultural e Congressos de Caldas da Rainha; 28 de Setembro será a vez do Cine-Teatro dos Bombeiros de Vila Praia de Âncora.
“Noite de Solidão no Capim” passa-se em África, algures numa ex-colónia portuguesa, na noite de 24 para 25 de Abril de 1974, onde acontece inesperadamente, um encontro entre um africano e um caucasiano, ambos em fato militar. Estão no meio do capim. Divididos entre o medo do que o outro (supostamente o inimigo) lhe possa fazer e a imperiosa necessidade de cooperarem, até em defesa de algum ataque externo de feras. Vão criando, sem perda de desconfiança e vigilância mútua, alguma empatia. O diálogo, às vezes quase em monólogo, entre ambos é “escuro” e um tanto indecifrável como a noite e o próprio capim cerrado em que se encontram. Mas repartem uma cerveja, um cigarro, falam de saudade das famílias, do medo das queimadas e do ataque das feras, do medo da morte ou de ficar estropiado, da forma desordenada e por vezes gratuita como fauna e flora também vão sendo devastadas, de preconceitos morais e até de algum desconforto por estarem numa guerra entre “irmãos” ou, pelo menos “primos”.
À medida que a noite avança e a perplexidade de cada um não saber o que o outro lhe vai fazer ao nascer do sol ou o que ele mesmo terá que fazer ao outro, acabam por se dar conta de uma situação um tanto paradoxal. O africano é um soldado que integra o exército colonial português, o caucasiano é um oficial de baixa patente (ou miliciano), cuja razão de ter penetrado no mato foi a de ir avisar os guerrilheiros de uma operação que os Comandos (ou outra tropa de elite) estavam a preparar.
No meio desta estupefação, que passa a alimentar, na inversa, o medo um do outro, mas também a noção do absurdo da guerra, encontram um rádio que o caucasiano havia perdido. Quando o ligam dão-se conta do que está a passar-se em Lisboa. No entusiasmo mútuo e por diferentes razões, abraçam-se, com tal intensidade que se torna difícil distinguir até onde vai. Beijam-se mesmo?
Uma abordagem sem complexos à guerra colonial.
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Bilhete: € 15 e com preço especial para grupos e Associações de solidariedade social e Juntas de Freguesia.