Apesar de existirem medidas preventivas, não se verificou uma diminuição da prevalência de casos de anomalias congénitas. Esta foi a conclusão a que chegou um estudo, que analisou ao longo de 20 anos os registos nacionais em 19 países, entre os quais Portugal.
A pesquisa, coordenada pelo Departamento de Epidemiologia do Instituto Ricardo Jorge, analisou os dados relativos a 12,5 milhões de nascimentos entre 1991 e 2011, tendo concluído que, durante este período, não se verificou uma diminuição na prevalência de defeitos do tubo neural, como a espinha bífida e a anencefalia.
“Apesar das recomendações que são feitas nos países europeus para que as mulheres tomem ácido fólico antes ou imediatamente após a conceção, este estudo não identificou um efeito preventivo dessas medidas”, lê-se no artigo publicado no site do Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (INSA).
Os autores do estudo defendem a fortificação dos alimentos com ácido fólico como uma medida a adotar, à semelhança de outros países como os Estados Unidos da América.
Os defeitos do tubo neural – grupo de anomalias congénitas constituído por anencefalia, espinha bífida e encefalocelo – têm uma frequência inferior a um caso por cada 2.000 nascimentos em Portugal.
De acordo com o INSA, esta frequência pode ser reduzida através de medidas de prevenção primária, como seja a toma suplementar de ácido fólico antes da gravidez.
“A evidência científica tem demonstrado que o consumo de pelo menos 0,4 mg de ácido fólico, se iniciado antes da gravidez e durante o 1º trimestre, previne cerca de 70% dos defeitos do tubo neural”, acrescenta.
As anomalias congénitas tornaram-se nas últimas décadas uma das principais causas de mortalidade e morbilidade no período infantil constituindo por isso um importante problema de saúde pública.