O Convento de São Francisco, em Coimbra, reabriu ontem (dia 8 de abril) ao público após um investimento de 42 milhões de euros, com o espetáculo “Dos Bichos”, baseado na obra de Miguel Torga, pela companhia de teatro “O Bando”. O espetáculo – baseado na coletânea de Torga que a mesma companhia trouxe em 1990 ao São Francisco, no âmbito da Bienal Universitária de Coimbra – marca o arranque do renovado Convento enquanto “espaço cultural e centro de congressos”.
O Convento de São Francisco – que já foi casa de frades e fábrica de lanifícios – é um edifício do século XVII que agora foi recuperado pelo arquiteto Carrilho da Graça para se tornar uma das maiores estruturas culturais do país.
A obra conta com um grande auditório com 1.125 lugares com fosso para orquestra sinfónica, um auditório na Igreja com capacidade para 600 pessoas, um “Welcome Center” para turistas, várias salas polivalentes, 1.600 metros quadrados de espaço expositivo, um restaurante, um café-concerto, um pátio interior com esplanada, uma praça frontal, quartos para residência artística e estúdios de ensaio.
Vários espaços ainda estão por abrir e decorrem ainda obras na Igreja e no estacionamento.
Definida está já a programação até junho e que coloca a cidade de Coimbra “numa posição cultural estratégica”.
Ao longo destes três meses, haverá teatro (“António e Maria”, Teatro Meridional a 15 abril, e “Nana Nana”, de Carla Galvão e Fernando Mota a 17 de abril, entre outros espetáculos), dança (TAO Dance Theater, a 25 de abril), cinema (“A recompensa”, de Arthur Duarte, de 14 a 16 de abril) e muitos concertos de música.
Até junho, estreiam-se no Convento, entre outros, Mão Morta & Remix Ensemble (16 abril), JP Simões (17 abril), Pedro Burmester e Mário Laginha (22 abril), Michael Nyman (14 maio), Takami Nakamoto e Sebastien Benoits (20 maio), Quinteto Sandro Norton e Garry Burton (21 maio), Benjamin Clementine (03 ou 04 de junho, com data a confirmar) e Maria Rita (25 junho).
Segundo o assessor cultural do espaço, João Aidos, o Convento São Francisco vai apostar na criação de uma mostra de novo circo (a acontecer de 26 de abril a 01 de maio), um festival de jazz e blues e um de música eletrónica e artes visuais.
À comunicação social, o presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, disse que “o Convento São Francisco quer ombrear com o Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, e Serralves, no Porto, apesar de ter um orçamento muito mais reduzido”. Para o autarca, o espaço “servirá para valorizar Coimbra como centro cultural que é há muitos séculos”.
Em conferência de imprensa, Manuel Machado garantiu ainda que este novo ponto de encontro cultural não irá despir os outros espaços de cultura de Coimbra, até porque alguns deles, como o Tetrão, o Teatro da Cerca de São Bernardo, ou a Casa da Cultura, são da autarquia e “isso não faria sentido algum”. O Convento de São Francisco tem uma “dimensão diferente, que não choca com os espaços existentes”, concluiu.