José Cordeiro dispensa apresentações. É uma das estrelas que brilham no firmamento da gastronomia Portuguesa, independentemente das várias estrelas Michelin que já ganhou.
É um Chefe de gabarito na cozinha, na sala ou nos ecrãs de televisão, onde nos habituou também ao seu infindável talento.
A boa notícia é que José Cordeiro regressou ao Norte e ao Porto com um restaurante nas instalações da Ordem dos Engenheiros que, diga-se, é uma Ordem com excelentes tradições na preocupação que tem de oferecer boa gastronomia aos seus digníssimos associados.
O nome do restaurante revela já a emoção com que José Cordeiro quer vivenciar o Porto.
Homenageando também o inesquecível Rui Veloso, o Chefe deu ao restaurante o nome inspirador de – Porto Sentido.
O espaço foi integralmente redecorado. Com um bar disposto elegantemente ao fundo a decoração é urbana, contemporânea e depurada.
O serviço jovem, mas atento e profissional.
Vamos à carta. Que é onde tudo se decide:
Ao almoço, uma versão executiva que propõe um prato de peixe ou de carne que variam todos os dias. Hoje, sexta-feira, a proposta do mar era uma dourada escalada, e a de carne um bonito arroz de pato com a gordura e a sapidez postas no seu devido sítio.
Outras referências semanais que recomendamos: a magnífica feijoada tradicional, à quarta; os rojões em vinha de alho com migas de grelos à terça; o rancho à portuguesa à quinta ou o arroz de bacalhau e coentros à segunda-feira. O bacalhau assado ao sábado e o cozido à portuguesa ao domingo fecham o lote destes almoços onde a única coisa frugal é mesmo o preço.
De facto, os preços são mais do que módicos – se se ficar pelo prato não chega a 8 euros, se quiser acolitar a refeição da sopa ou sobremesa e da bebida, a conta sobe para os 12,5 euros.
Passemos ao serviço à carta. Bacalhau à Brás que o Chefe inova sempre, e conseguindo sempre acrescentos a este prato, que dizem feito por um tasqueiro do norte que se estabeleceu com êxito comprovado em Lisboa. O polvo grelhado com puré de milho e presunto é outra das exuberâncias da casa. Não perca ainda nas propostas piscícolas a caldeirada de samos de bacalhau e camarão que é aromatizada com limão e coentros e acolitada por um puré de aipo de boa textura.
Nas carnes começamos por onde é devido, para quem sente verdadeiramente o Porto – as tripas que o Chefe faz sem mácula nem desnecessária inovação que apenas reserva para o arroz feito, sabiamente, com alho e com louro.
A coxa de pato confitada com espuma de feijão é outra soberba divagação deste Chefe exemplar.
O Costeletão de boi para 2 pessoas é um caso sério de popularidade e truculência pelo qual muitos dos convivas se vão tentando.
E para não perder, nem se esquecer mais deste novo santuário do burgo, não se despeça da casa sem provar o nispo à Chefe Cordeiro, com arroz malandro de salpicão e grelos. Prato tão divino que podia estar, sem favor, no teto da Capela Sistina.
Saímos com as entradas que são também inspiradoras: um escabeche frio de coelho, uns ovos mexidos com azedo de Bragança, ou uma empada de caça no forno, são apenas exemplos da forma como pode começar a divertir-se, numa refeição memorável neste Porto Sentido.
O Pudim Abade de Priscos, a Mousse de chocolate, as Farófias, o Arroz doce, mantém a boa tradição de uma doçaria regional de altíssima qualidade.
Carta de vinhos generosa e não especulativa, com a opção sempre recomendada do Vinho a copo.
E pronto, está dito o suficiente para despertar os sentidos, pelo menos dos portuenses. Pelo meu lado, garanto apenas que a excelência de José Cordeiro se mantém, e que a sua gastronomia é uma peça notável da nova engenharia gastronómica do Porto!
RESTAURANTE PORTO SENTIDO
- de Rodrigues Sampaio 133, 4000-124 Porto
Tlf::223 189 946 / 911 963 232
E-mail: [email protected]