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Marta Caride: a campeã prematura de esgrima tem sonhos Olímpicos

Natural de Gaia, distrito do Porto, conta apenas 14 primaveras, mas já revela a maturidade e qualidade necessárias para competir com atletas mais velhas.

Na variante de florete, Marta Caride vai dando passos seguros no mundo da esgrima, tendo conquistado, este ano, os títulos de bicampeã nacional de iniciados, naquele que é o seu atual escalão, e de cadetes, este frente a concorrentes mais velhas. Apesar da tenra idade, vai estrear-se, dia 28 de maio, no campeonato nacional de seniores. O objetivo passa por começar a ganhar a experiência e o ritmo ideais para poder representar Portugal nesta modalidade, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.

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Trata-se de uma meta que certamente conseguirá alcançar, uma vez que toda a sua vida tem sido feita de provações superadas. Em 2004, por exemplo, quando tinha apenas dois anos, foi-lhe diagnosticado um problema de surdez severa no ouvido direito e profunda no esquerdo, mas nem isso a impediu de ser uma aluna de mérito e campeã de esgrima.

Os seus sonhos, está visto, não esbarram em qualquer contratempo, sendo que o único travão que pode emperrar a sua ambição desportiva diz respeito à escassez de apoios financeiros que se verifica no nosso país em relação à esgrima.

Apesar de ter conseguido reunir dois patrocinadores (Balanças Marques e Widex Centros Auditivos), a verdade é que grande parte dos seus gastos com a modalidade são suportados pela família. Foi sempre assim no circuito nacional e nas provas internacionais, onde veste a camisola do Sport Clube do Porto.

A exceção surge quando representa Portugal, como já o fez nos campeonatos do Mundo, em França, e da Europa, na Sérvia. Marta conquistou, aí, o estatuto de alta competição e, nessas provas, teve o apoio financeiro da Federação Portuguesa de Esgrima.

Mãe orgulhosa
Sempre ao lado de Marta Caride, está a sua mãe, Ana Sofia Gomes, que à Move Notícias conta mais pormenores sobre como Marta alimenta esta paixão.

“Além dos três treinos que tem por semana, de duas horas e meia cada um, encontro-a muitas vezes a ver vídeos sobre a modalidade. As grandes referências que ela tem na esgrima são a italiana Ariana Errigo e a norte americana Sabrina Massialas. Na vertente masculina, admira o americano Race Imboden e o japonês Yuki Ota.”

Ana explicou-nos ainda que a sua filha iniciou-se nesta modalidade através do desporto escolar. E foram-lhe logo detetadas qualidades, nomeadamente ao nível técnico, que a fizeram dar o passo seguinte. Foi assim que chegou ao Sport Clube do Porto.

“A questão da surdez não tem interferência pela negativa nesta atividade da Marta. Pelo contrário, até lhe terá estimulado outros sentidos importantes para este desporto. Outra situação que parece estar na base da qualidade que ela apresenta é o facto de, antes de a esgrima ter entrado na vida dela, a Marta ter praticado ténis e ballet”, conta orgulhosa pelo trajeto da jovem campeã nacional.

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Agora, Ana Sofia Gomes mexe-se no mercado com o intuito de angariar novos patrocinadores e prolongar a ligação aos atuais, no sentido de fazer com que Marta Caride possa continuar a evoluir, competindo nos circuitos internacionais com as melhores praticantes da modalidade.

“A Marta também tem sensibilidade para as questões de ordem social, pois promove a modalidade em visitas a escolas e através da página no Facebook, “Caride Por”, onde partilha a sua história de superação”, rematou a mãe.