Cultura

Projeto ‘Monda’ visa a “revitalização” do cancioneiro alentejano

‘Monda’ é um projeto musical constituído por Jorge Roque, Pedro Zagalo e Herlander Medinas, que visa a “revitalização e contemporaneidade” do cancioneiro alentejano, já com um CD homónimo no mercado.

Os músicos começaram a trabalhar juntos “há cerca de ano e meio, de uma forma quase natural e intuitiva, não foi nada programado” tendo “linguagens [musicais] abrangentes e como elemento de ligação o Alentejo”, com o objetivo de aproximar diferentes públicos do cante alentejano, afirma Jorge Roque.

“Procurámos encontrar outras versões, pois há um texto e uma melodia, que, sendo tradicionais, não são estanques, e era importante dar a conhecer às pessoas. Nesse sentido, a música está em constante evolução e, sobre essa matriz, só podemos criar outros mundos e outras linguagens, que nos apreçam mais interessantes e mais contemporâneas, e isso é fundamental para aproximar outros públicos do cante alentejano e não ser uma coisa tão territorial”, acrescentou o músico, que quer “expandir esta música do Sul para todo o mundo”.

O tema tradicional ‘Mocho’, que abre o CD, também intitulado “Monda”, foi o primeiro em que começaram a trabalhar e cuja abordagem acharam “muito interessante”.

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Procuraram trabalhar noutras sonoridades sobre um repertório que já conheciam, designadamente do cancioneiro Alentejano, e foram ainda buscar outros textos que não estavam musicados.

Para Jorge Roque, que faz também pare do Grupo de Cantares de Portel, não foi a chancela de Património Imaterial da Humanidade, dada pela UNESCO há cerca de um ano e meio, que o fez trabalhar no cancioneiro alentejano, mas reconhece que o reconhecimento internacional “foi muito importante para todos que, durante anos, foram mantendo e respeitando a tradição”, que hoje é alvo de diferentes abordagens.

O álbum conta com participações dos Cantares de Portel, mas também com Katia Guerreiro e Rui Veloso, que “dão outras linguagens musicais”, o que permite ao grupo não ficar conotado apenas com o cante alentejano.

Katia Guerreiro partilha com o trio o tema “Adeus Maria, até quando”, Rui Veloso participa em “Só uma pena me existe”, enquanto os Cantares de Portel participam em “Mais Brando, João Brandão”, que tem uma melodia original assinada pelos Monda, sendo um poema popular.

“É um álbum que transfere todas as nossas vivências, as nossas empatias musicais do Alentejo e gostaríamos de vê-lo tocado em todo o mundo. Aliás, não o queremos restringir a Portugal”, sublinha Jorge Roque salientando que “exportarmos apenas o fado é um pouco redutor das nossas linguagens musicais, e há que apostar no Alentejo, apostando no que é bom e nosso também”.