O risco no uso prolongado de analgésicos é maior do que se imagina.
De acordo com um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), o hábito de consumir regularmente opiáceos ou analgésicos simples pode provocar dor crónica.
Ainda mais grave, um estudo publicado recentemente no periódico científico JAMA associou o uso contínuo de opiáceos a um significativo aumento no risco de morte.
No entanto, de acordo com Paulo Renato Fonseca, diretor científico da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (Sbed), a atenção deve centrar-se “principalmente” no consumo excessivo de analgésicos simples, como paracetamol e dipirona, e de anti-inflamatórios, como nimesulida e cetoprofeno.
“Esse comportamento é um dos principais desencadeantes da dor crónica, pois a causa da dor é no início ignorada e/ou contornada com o uso dessas drogas. Mas, após tomar um remédio específico por um tempo, seu efeito deixa naturalmente de ser percebido e a pessoa tende a ingerir uma dose superior. Isso a deixa sob o risco de lesões estomacais, sangramentos, danos hepáticos e renais”, diz o especialista.
Segundo Renato Fonseca, isso ocorre por dois motivos. O primeiro é a falha dos profissionais ao mensurar e identificar a dor nos pacientes. Outro grande impasse é a necessidade do receituário amarelo para este tipo de medicamento, que reduz a quantidade de profissionais que podem prescrevê-lo. A principal consequência disso é o sofrimento dos pacientes. Por outro lado, também há um receio, por parte dos pacientes, em tomar este tipo de medicamento, mesmo quando há prescrição médica.