Betsy Davis, de 41 anos, era uma pintora e artista norte-americana que tinha esclerose lateral amiotrófica (doença neurológica degenerativa, progressiva e rara). Decidiu desistir da vida, já que não podia travar a doença, mas fê-lo de uma maneira especial. Com os amigos à volta.
Houve mesmo uma festa que durou dois dias. Betsy Davis convidou os amigos mais próximos para o evento que tinha um final marcado: um cocktail de remédios, tornando-se assim uma das primeiras pacientes a tomar uma dose letal assistida pelo Estado, através da nova lei do suicídio assistido por médicos, na Califórnia.
A festa tinha apenas uma regra: não se podia chorar. “Vocês são todos muito corajosos por me ajudarem na minha jornada. Não há regras para a festa. Vistam o que quiserem, falem o que quiserem, dancem, cantem, rezem – só não chorem na minha frente. Ok, há uma regra”, escreveu no convite.
Mais de 30 pessoas compareceram à chamada. Tudo foi planeado ao pormenor e vivido de perto por Betsy, que até definiu a hora do adeus. Impedida de cumprir as tarefas básicas do dia-a-dia, transformou a sua morte numa performance.
As montanhas do sul da Califórnia foram o palco escolhido. Os dias 23 e 24 de julho as datas marcadas. A música, a comida e os filmes que passaram na festa foram os preferidos de Betsy. A artista ofereceu as suas roupas e outros adereços pelos amigos até que às 18h45 viu o último pôr do sol. Depois recolheu-se ao quarto, tomou os medicamentos, ao lado dos médicos, da massagista e da sua irmã e morreu, quatro horas depois.
“O que Betsy fez permitiu-lhe ter a morte mais bonita que alguém pode desejar. Ao ter o controlo, ela transformou a sua partida numa obra de arte”, resumiu um dos amigos presentes na festa.