Zoleka Mandela, de 36 anos, carregou desde o nascimento o peso do nome do seu avô, o mais importante líder da África Negra e vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1993.
Tal como Nelson Mandela, Zoleka não teve uma vida fácil.
Sobreviveu a abusos sexuais, a dois cancros, ao vício das drogas e à morte de dois filhos, mas nem por isso baixou os braços tornando-se uma “sobrevivente” e ativista numa série de causas em que acredita e isso valeu-lhe, este ano, um lugar na lista das “100 mulheres do ano” da BBC.
Para lhe prestar homenagem, a estação pública britânica divulgou um documentário em que aborda a sua curta mas difícil vida.
Com dez anos, assistiu à saída do seu avô da prisão e conheceu-o pela primeira vez. A partir daí, passou a obedecer às “rígidas regras” do antigo presidente, que sempre olhou com admiração.
O posto que Mandela assumiu, a 27 de abril de 1994, e que fez dele uma figura histórica, não a livrou das vicissitudes da sua existência. Foi vítima de abusos sexuais quando ainda era criança, algo que a marcou para o resto da vida. Ainda menina bebeu a sua primeira bebida alcoólica e lutou, durante toda a adolescência e parte da vida adulta, contra o vício de álcool e drogas.
Aos 21 anos, fruto de uma relação fugaz, foi mãe pela primeira vez de uma menina, Zenani, que acabaria por morrer, aos 13 anos, num acidente de viação provocado por um condutor embriagado. Na altura, Zoleka estava internada no hospital na sequência de uma tentativa de suicídio. “Foi o período mais obscuro e doloroso da minha vida”, confessou à BBC lembrando que meses depois da tragédia se internou num centro de reabilitação para “dar início a uma nova fase” e poder focar-se na educação e crescimento de Zwelami, o seu segundo filho, hoje com 14 anos.
Embora tenha conseguido superar os vícios e encontrado a estabilidade, aos 32 anos, a neta de Mandela foi uma vez mais vítima do destino quando lhe foi diagnosticado cancro da mama.
Vencida a doença, voltou a engravidar e deu à luz um menino, Zenawe, que morreu poucos dias após o parto.
Determinada, Zoleka não baixou os braços e, ao lado de Thierry Bashala encontrou novamente a felicidade e logo depois foi brindada com mais uma gravidez. Zanyiwe tem hoje três anos e faz as delícias da mãe.
Atualmente, a ativista dá a voz a várias campanhas solidárias e enfrenta novamente o drama do cancro, um altura em que se preparava “para tentar ter mais filhos”.
Sem desanimar, a neta de Mandela procura agora alertar consciências a propósito da doença e criou uma fundação que promove a segurança rodoviária, em honra à sua primogénita, além de ajudar os mais necessitados.
Apesar de ter passado por dolorosas batalhas ao longos dos seus 36 ano, Zoleka acredita que “o amanhã será melhor” e deseja que “no céu, onde o meu avô está com os meus filhos, ele se sinta finalmente orgulhoso de mim”.