Não é bem uma descoberta ou uma criação. O mesentério já existia, mas como uma membrana que faz parte do sistema digestivo e liga os intestinos ao abdómen. Agora é que passou a ser considerado um único órgão contínuo.
Quem o diz é a ‘bíblia’ da anatomia, Anatomia de Gray. A informação também já foi publicada na revista de Medicina ‘The Lancet Gastroenterology & Hepatology’, tendo o artigo sido assinado por J. Calvin Coffey e Peter O’Leary depois de um estudo de seis anos.
“A descrição anatómica que foi feita nos últimos 100 anos de anatomia estava incorreta. Este órgão está longe de ser fragmentado e complexo. É simplesmente uma estrutura contínua”, explicou J. Calvin Coffey, investigador da universidade do hospital irlandês de Limerick.
“Agora estabelecemos a anatomia e a estrutura. O próximo passo é a função. Se entendermos a função conseguimos identificar um funcionamento anormal e, aí, temos a doença”, esclareceu.
Os cientistas pretendem agora compreender a função do novo órgão, além de proporcionar sustentação e permitir a irrigação sanguínea. Com esta reclassificação, espera-se que o mesentério possa ajudar no tratamento de doenças abdominais e digestivas, com menos cirurgias invasivas e menos complicações na recuperação dos doentes.
“Se entendermos a sua função, podemos identificar as anomalias e estabelecer quando há uma doença, ou seja, quando o órgão passe a funcionar de modo anormal”, adiantou.
A primeira menção ao ‘novo’ órgão foi feita no século XVI por Leonardo da Vinci.