Mário Alberto Nobre Lopes Soares. Nasceu em Lisboa a 7 de Dezembro de 1924 e frequentou o Colégio Moderno, 1935-1942; Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1942-1951 (licenciatura em Histórico-Filosóficas); e Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, 1952-1957 (licenciatura em Direito).
Estas são as informações pessoais de Mário Soares que estão disponíveis no site da Presidência da República. Quanto à carreira, bem, todos sabem – mais ou menos -, mas sabem.
Advogado de profissão – demorou anos até se estabelecer como tal devido às suas múltiplas atividades políticas e correspondentes prisões -, começou como dirigente das Juventudes Comunistas de Lisboa, foi presidente do Movimento de Unidade Democrática juvenil, secretário do general Norton de Matos e passou pela Comissão Central de Apoio a Humberto Delgado.
“Figura importante da oposição desde os anos 40. Filho de João Soares, ministro das Colónias da I República, que encorajou sempre Mário Soares no sentido do empenho político”, refere a página oficial.
Em novembro de 1964 fundou em Genebra, juntamente com Manuel Tito de Morais e Francisco Ramos da Costa, a Acção Socialista Portuguesa (ASP), considerada o embrião do futuro Partido Socialista.
No ano seguinte (1965) ganhou projeção internacional como sendo o advogado da família de Humberto Delgado após o assassínio deste.
Foi na Internacional Socialista, na qual foi formalmente admitida a ASP, que encontrou os apoios indispensáveis para fundar o Partido Socialista, em 1973. Sendo que nessa altura estava exilado em Paris (1970-1974), depois de ter passado já por São Tomé e Príncipe.
Foi secretário-geral do PS desde o primeiro ano e até 1985. Simultaneamente foi vice-presidente da Internacional Socialista.
Regressa a Portugal logo a seguir ao 25 de Abril, sendo triunfalmente acolhido em Santa Apolónia, a 28 de abril de 1974.
Chegou ao I-II Governos Provisórios (maio-julho e julho-setembro de 1974) pela pasta do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Protagonizou, com Samora Machel, o chamado “abraço de Lusaca”, nas negociações de Portugal com a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). Mas muitos continuam a criticar a forma como Mário Soares fez a descolonização. Particularmente os portugueses que tiveram que fugir das ex-colónias, os “retornados”.
O PS venceu as eleições para a Assembleia Constituinte (25 de abril de 1975) e chegou a primeiro-ministro pela primeira vez em 1976.
Começou a segunda legislatura em 1983, tendo encabeçado o processo de adesão de Portugal à CEE dois anos depois. A impopularidade das políticas de austeridade podem ter levado à derrota do PS nas legislativas de 1985, mas não impediram Mário Soares de vencer noutra frente: a Presidência.
Foi Presidente da República de 9 de Março de 1986 a 9 de Março de 1996. Nas suas primeiras eleições presidenciais – onde o slogan “Soares é fixe” pegou – derrotou Freitas do Amaral. Apesar de algumas divergências, acabaram amigos.
“Quando tantas outras pessoas mais próximas me evitavam e algumas até me chamavam fascista, ele acreditou sempre em mim. Apesar de termos tido as nossas divergências, a amizade e a admiração é superior a tudo isso”, recordou aos jornalistas o ex-líder do CDS-PP, emocionado, depois de visitar Mário Soares no Hospital da Cruz Vermelha, a 14 de dezembro de 2016.
Mas recuando novamente no tempo. Em 1996 Mário Soares tornou-se conselheiro de Estado e presidente da Fundação Mário Soares.
Manteve-se sempre muito influente na vida política e escrevia textos de opinião nos jornais. Deixou de o fazer ultimamente e nunca se conformou. Gostava de se manter ativo, recorda o sobrinho Eduardo Barroso. Morreu este sábado, 7 de janeiro de 2017, aos 92 anos, vítima da própria idade.