Lúcia Vaz Pedro

QUANDO CHOVE NA ALMA

chuva

Há dias em que chove e em que a chuva é miudinha e cai, molhando cada canto da alma. É uma espécie de orvalho contínuo que nos afoga e nos embacia o olhar. É uma forma de nos alagar o caminho.

Nesses dias, só queremos ficar abrigados. Porém a chuva cai mesmo debaixo dos telhados. Mesmo dentro das casas. Mesmo junto às lareiras.

Nesses dias, a chuva é uma espécie de corda de navio, que nos ata à nuvem que chove dentro de nós.

Há dias que se transformam em noites sem fim, porque chove continuamente e as nuvens são blocos opacos que o sol não consegue perfurar. E chove…

Nesses dias chuvosos, a alma fica colada à janela, vendo as gotas a cair lá fora.
Talvez, no dia seguinte, um raio de sol… talvez.