O julgamento de violência doméstica que coloca Manuel Maria Carrilho sentado no lugar do réu, prosseguiu esta segunda-feira, no Campus da Justiça, em Lisboa.
Durante o dia foram ouvidas várias testemunhas de defesa de Bárbara Guimarães. O depoimento de Rute Maria Silva, amiga de infância da apresentadora da SIC, foi bastante elucidativo do clima de terror que aquela vivia em casa com o ainda marido.
“Ela está destruída. Ele queria acabar com a Bárbara! Psicologicamente e como mãe”, resumiu a testemunha em tribunal.
Um dos episódios comentados foi a festa do 40º aniversário de Bárbara. Em causa, a prenda que Rute Maria Silva ofereceu à amiga: um cão.
“A Bárbara estava feliz. Uns dias antes decidi oferecer um presente que achei que seria aquele que gostaria. Estavam dezenas de pessoas e o marido não reagiu bem. Ela ficou muito contente, mas olhei para o marido e vejo-o com o dedo a dizer que não”, contou, referindo-se depois à reação do professor de Filosofia.
“Ele disse: ‘Que ideia mais estúpida. Vocês são umas estúpidas’. Fez uma peixeirada. A Bárbara ficou muito triste”, lembrou Rute Maria Silva.
Quanto ao que se terá passado a seguir (onde alegadamente a apresentadora foi insultada por Carrilho), a testemunha disse que não presenciou mas que todos repararam: “Contaram-me que ele a tinha agarrado, gritou com ela. E que ele verbalmente a ofendeu. Uma situação traumatizante para ela. Aí comecei a sentir que a Bárbara tinha muito medo do marido”.
A amiga recordou ainda o momento em que a cara da SIC lhe disse que pediu o divórcio. “Tenho medo, ele é muito mau. Disse-me que me tirava os miúdos e acabava com a minha carreira”, citou, negando ainda que aquela tenha problemas de alcoolismo.
Também as entrevistas que Manuel Maria Carrilho dava deixaram Bárbara num “caco, sentia-se aterrorizada, com medo e vergonha a querer proteger os filhos”.
Opinião partilhada por João Manuel Antunes Vieira, guionista do programa ‘Factor X’, apresentado por Guimarães em 2011.
De acordo com o mesmo, minutos antes de entrar em direto, a apresentadora recebeu mensagens com teor ameaçador: “És puta. És cabrona. Nunca mais vais ver os teus filhos. O teu corpo é horrível, estás velha e esquelética”.
Quanto à acusação de violência doméstica, a testemunha garantiu ter visto “nódoas negras” nas pernas de Bárbara durante uma conferência de imprensa. João Vieira também disse que nunca viu a colega beber álcool nem a tomar comprimidos e que, pelo contrário, sentia um clima tenso sempre que Carrilho estava presente.
“Passávamos o guião na cozinha. A Bárbara fuma e estava à janela. Senti que quando estava o marido ficávamos na cozinha. Era um ambiente tenso. Não me sentia à vontade quando ele estava”, disse Nuno Oliveira ao coletivo de juízes.
O guionista admitiu não ter dúvidas (“foi uma estratégia de destruição”) e focou o presente: “Há quanto tempo não a vemos na televisão? Perdeu imenso trabalho.”
O julgamento prossegue na próxima segunda-feira, 27 de fevereiro.
Texto: Raquel Nunes