Cultura

“Paisagem desconhecida” em estreia mundial hoje no D. Maria II

Um espetáculo “altamente musical” é como o coreógrafo e bailarino Josef Nadj define “Paisagem Desconhecida”, a sexta e última criação a estrear-se no 31.º Festival de Almada, primeira apresentação mundial, hoje, no Nacional D. Maria II, Lisboa.

Trata-se de uma peça com quatro personagens – dois músicos e dois bailarinos – que se reencontram em palco, criando uma aventura na qual quem dança está em constante diálogo com os músicos, descreveu o criador de origem sérvia, que regressa ao Festival de Almada, depois de, em 2011, ter apresentado o espetáculo “Os corvos”, no Teatro Camões.

Em declarações à agência “Lusa”, Josef Nadj, que também dirige o Centro Coreográfico Nacional de Orleães, disse que “Paisagem desconhecida” pretende mostrar “essa preocupação de um grande mistério, essa devoção ao interior do homem, para questionar a duração da nossa existência aqui na terra”.

“Uma evocação entre a memória e o futuro, que fala dos amigos e conhecidos que não está mais cá, mas que continuam a ser amados e a marcar-nos, das pessoas que vamos largando ou perdendo ao longo da existência e da nossa própria busca e preocupação, sobre como vamos perdurar-continuar após a nossa morte”, frisou.

“Paisagem desconhecida” torna-se, assim, “uma espécie de dança macabra, irónica e alegre em torno da morte como ideia de horizonte, como ideia de paisagem final que devemos enfrentar”, disse o coreógrafo à Lusa, admitindo que o espetáculo se ancora em recordações da cidade onde nasceu, Kanjiza, na ex-Jugoslávia, e na qual se inspira com frequência.

Nascido em 1957, em Kanjiza, atualmente território sérvio, Josef Nadj foi viver para França, em 1980, para frequentar os cursos de mímica de Marcel Marceau e Étienne Decroux. Em França descobriu o universo da dança contemporânea francesa com, entre outros, a bailarina e coreógrafa francesa Catherine Diverrès e François Verret, um arquiteto de formação que, segundo especialistas, se tornou num dos importantes coréografos da dança contemporânea.

Em 1986, Josef Nadj criou a sua própria companhia, o Théâtre Jel, e, desde 1995, dirige o Centro Coreográfico Nacional de Orleães. Em 2002, foi galardoado com o Grande Prémio da Dança do Sindicato da Crítica e, em 2006, com o Prémio Europa Novas Realidades Teatrais.

Ao lado de Josef Nadj, para dançar “Paisagem desconhecida”, na Sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II, vai estar o bailarino Ivan Fatjo.

Em palco estarão também os compositores e músicos, húngaro e francês, Akosh Szelevényl e Gildas Etevenard, respetivamente, num espetáculo com cenografia de Josef Nadj e figurinos de Aleksandra Pesi.

“Paisagem desconhecida” regressa à sexta e última estreia da 31.ª edição do Festival de Almada na quinta-feira, às 21:00.

A programação da 31.ª edição do Festival de Almada, a decorrer até sexta-feira, em 12 espaços de Almada e Lisboa, conta com 23 peças de teatro, além de iniciativas paralelas como espetáculos de rua, concertos, colóquios, sessões de cinema e tertúlias, num total de 139 sessões.

Paisagem desconhecida