Mais de metade dos produtos alimentares à base de arroz para bebé contêm níveis ilegais de arsénio inorgânico, uma substância considerada cancerígena, apurou um novo estudo científico.
Apesar das novas regulamentações definidas pela União Europeia (UE), com vista a reduzir o nível de arsénio nos produtos alimentares para bebé, as marcas continuam a exceder os limites máximos estipulados para esta substância cancerígena, de acordo com uma investigação realizada na Universidade Queen’s em Belfast, Irlanda.
Em janeiro de 2016, a UE impôs um limite máximo na quantidade de arsénio inorgânico que deve estar presente nos produtos alimentares, de modo a reduzir os riscos de saúde associados a uma substância que está ligada ao cancro.
Mas, mesmo depois de a lei ter entrado em vigor, “quase 75% dos produtos à base de arroz, especificamente comercializados para bebés e crianças, continham mais do que os níveis padrão estipulados pela lei da UE”, adiantam os investigadores do Instituto de Segurança Alimentar Global da Universidade Queen´s.
“Os bebés são particularmente vulneráveis aos efeitos prejudiciais do arsénio que pode evitar o desenvolvimento saudável dos seus crescimentos, QIs e sistemas imunitários, para nomear apenas alguns danos”, explica o autor principal do estudo, o professor Andrew Meharg, em declarações divulgadas pelo Sciencedaily.com.
O arroz tem, por norma, níveis superiores de arsénio inorgânico, relativamente a outros alimentos, e sabe-se que a exposição crónica a esta substância implica riscos de saúde, incluindo problemas de desenvolvimento, doenças cardíacas, diabetes e danos no sistema nervoso.
Além disso, os bebés e as crianças com menos de 5 anos “comem três vezes mais comida, com base no seu peso corporal, do que os adultos”, o que significa que têm “três vezes maior exposição ao arsénio inorgânico” a partir do mesmo alimento.
“Por isso, não há desculpa para os fabricantes venderem produtos alimentares para bebé com níveis tão prejudiciais desta substância cancerígena”, frisa Meharg, defendendo que “os fabricantes devem ser responsabilizados por venderem produtos que não estão a cumprir os padrões exigidos pela UE” e que devem ainda, “publicar os níveis de arsénio nos seus produtos”, de modo a que os consumidores possam tomar “decisões informadas”.