A Orquestra Chinesa de Macau, que atuou na segunda-feira em Coimbra, pretende continuar a afirmar “a identidade macaense” e quer procurar, no futuro, colaborações com países lusófonos, afirmou o seu maestro.
“No futuro, a orquestra vai ter um caminho de colaboração com países lusófonos”, procurando manter, ao mesmo tempo, “as suas características específicas”, que se assentam na manutenção da tradição chinesa, aliada à identidade local de Macau e à criação de música contemporânea não ocidental, disse à agência “Lusa” Pang Ka Pang, maestro da orquestra.
Segundo Pang Ka Pang, a orquestra é muito diferente das “orquestras da China”, contando que já tentou usar uma obra macaense com uma orquestra de Pequim e “não conseguiu”.
“Há uma influência da cultura portuguesa”, que a orquestra interpreta de “forma natural e espontânea”, sentindo “o espírito e a cultura única de Macau”, frisou Pang Ka Pang.
A Orquestra Chinesa de Macau é composta por cerca de 40 artistas, tendo já introduzido em alguns espetáculos a guitarra portuguesa e tocado com alguns fadistas, assim como com Rão Kyao, artista português que tem vindo a colaborar diversas vezes com o grupo.
O artista, que começou a abordar Macau nos anos 1980, afirma que a região em que se inspirou e em que se inspira não “é a Macau de agora”, mas “Macau onde os portugueses ficaram”, das Ruínas de São Paulo e do Farol da Guia em convivência com a presença chinesa.
Apesar de salientar que o Instituto Cultural de Macau “tenta preservar a identidade cultural da região”, Rão Kyao alerta que “o crescimento desenfreado” que se observa na região poderá “engolir a herança e identidade” de Macau.
“Tem de se ter consciência de que há circunstâncias únicas em Macau. Se as perder, fica igual às outras cidades”, comentou o músico.
A presença de Portugal em Macau é, para Rão Kyao, “fundamental para se preservar a sua cultura. Quando se fala de espiritualidade macaense, tem de estar lá Portugal”.
Rão Kyao, que tocou na segunda-feira com a Orquestra Chinesa de Macau no decorrer da sexta edição do Festival das Artes, em Coimbra, quer “manter a relação” com a orquestra e com a região administrativa especial da China, continuando a explorar “o convívio entre as duas culturas” – portuguesa e chinesa.