Normalmente é o que acontece a muitos: durante a semana deitamo-nos e acordamos mais cedo e ao fim de semana, nas folgas, vamos e saímos da cama bem mais tarde. Mas ao contrário do que se possa pensar e de acharmos que estamos a compensar as horas perdidas de sono, estamos é a desregular o metabolismo.
Isso tem um nome: jet lag social e pode estar a confundir o seu relógio biológico e a prejudicar a sua saúde.
De acordo com estudo da Universidade de Pittsburgh, 85% das pessoas dormem e acordam mais tarde aos fins de semana do que durante a semana. Agora uma pesquisa da Academia Americana de Medicina do Sono revelou que o efeito pode gerar problemas a longo prazo, como fadiga crónica, sonolência, mau humor e problemas de saúde. Aliás, cada hora de jet lag social foi associada a um aumento de 11% no risco de doenças cardíacas.
“Os resultados indicam que a regularidade do sono, mais do que a sua duração, desempenha um papel importante para a saúde. Isso sugere que um sono regular pode ser uma forma efetiva, barata e relativamente simples de prevenir doenças cardíacas, assim como outros problemas de saúde”, disse Sierra Forbush, assistente de pesquisa do Programa de Saúde e Sono da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.
Esta não é a primeira pesquisa a revelar o impacto do jet lag social. Um estudo realizado pela Universidade de Munique, na Alemanha, já havia relacionado a condição à obesidade, que aumenta em 33% o risco a cada hora de jet lag.
Os resultados também revelaram que pessoas com jet lag social têm maior tendência a fumar, ingerir bebidas alcoólicas em excesso, consumir mais cafeína e a ser mais depressivas que o resto da população.
“Esse comportamento é como se numa sexta-feira à noite a maioria das pessoas voasse de Paris a Nova Iorque ou de Los Angeles para Tóquio, e voltasse logo na segunda-feira. Já que os efeitos se parecem com a situação de jet lag após uma viagem, nós chamamos-lhe de jet lag social. As pessoas vivem quase como se estivessem num fuso horário diferente em relação ao relógio biológico”, explicou Till Roenneberg, pesquisador da Universidade de Munique que criou o termo.
O novo estudo mediu o jet leg social dos participantes subtraindo o ponto médio de sono dos fins de semana da média dos dias de semana. Isso significa que, se nos dias de semana alguém for dormir à meia-noite e acorda às 07h00, e nos fins de semana vai para a cama à 01h00 e acorda às 08h00, você tem uma hora de jet lag social.
Aqueles que relataram uma hora de jet leg social tinham uma propensão 22% maior de qualificar sua saúde como “boa”, mas não “excelente” e 28% mais prováveis a relatá-la como “má”.
“Muitas pessoas acordam às 07h00 durante a semana, mas nos fins de semana vão dormir mais tarde e também acordam mais tarde como forma de compensar, mas não é bem assim”, frisou Sierra.
Fatores como insónia e duração do sono não foram considerados, e o novo estudo também não analisou se mudanças nos padrões do sono eram responsáveis por isso.
E reverter os efeitos não é simples. Segundo Roenneberg, manter o mesmo horário todos os dias da semana resultará em pouco tempo de sono, o que também pode ter consequências graves.
Em vez disso, ele propõe que as pessoas tentem alinhar os horários de trabalho com o relógio biológico, o que precisaria de toda uma mudança estrutural. Por isso, o ideal é seguir as sete horas de sono por noite recomendadas pela Academia Americana de Medicina do Sono.