O poeta chileno Pablo Neruda [1904-1973] não morreu de cancro da próstata como consta na sua certidão de óbito.
Apesar de ter sofrido dessa doença, o grupo de 16 peritos internacionais, mandatado pela Justiça chilena, anunciou que a morte do prémio Nobel da literatura não ficou a dever-se a um cancro, embora não fossem capazes de determinar a verdadeira causa da morte.
O prémio Nobel da literatura, opositor ao golpe militar liderado pelo general Pinochet de 11 de setembro de 1973, morreu numa clínica de Santiago, aos 69 anos – pouco depois do golpe de Estado que derrubou o governo de Salvador Allende – alegadamente por causa de um cancro na próstata. No entanto, a única certeza que o grupo de peritos encontrou esta sexta-feira (20) é a de que a certidão não corresponde à realidade da morte do poeta.
Os especialistas descobriram no cadáver de Neruda a presença de uma bactéria não relacionada com o cancro. A verdadeira resposta deverá levar mais um ano a ser conseguida.
Para a família, Pablo Neruda terá sido vítima de um envenenamento, levado a cabo por agentes do regime de Pinochet, que dirigiu com mão-de-ferro a República do Chile, entre 1973 e 1990.
Em 2011, Manuel Araya, antigo motorista de Neruda e seu assistente pessoal, defendeu que a morte do autor estaria ligada a uma estranha injeção que teria recebido antes de partir para o México, onde tinha a intenção de instalar-se para desenvolver atividades de oposição ao General Pinochet.
Também Eduardo Contreras, advogado do Partido Comunista do qual Neruda era militante, afirmou que está comprovado que na clínica Santa María, onde faleceu o poeta, foram cometidos “crimes” após o golpe de Estado de Pinochet.