“Seria um cubo de gelo se não tivesse medo”. Foi assim que o vencedor do Festival da Eurovisão da Canção respondeu quando, na noite desta quinta-feira, João Adelino Faria lhe perguntou, na RTP, se temeu a cirurgia que lhe deu um novo coração.
Naquela que foi a primeira entrevista após o transplante a 8 de dezembro de 2017, Salvador Sobral, de 28 anos, reviu as imagens da vitória em Kiev, Ucrânia, e falou da “parte negra da história”, ou seja, dos meses que passou no hospital, da operação e da recuperação que se seguiu.
“Há duas experiências únicas. Ganhei o maior concurso pop europeu e, de repente, toda a gente no país me conhecia. Uns meses depois enfiei-me num quarto de hospital durante quatro meses e fiz um transplante de coração. Acho que foi o ano mais díspar que alguém poderia imaginar”, reconheceu.
Tentando nunca colocar a badalada cirurgia em primeiro plano, o artista confessou que foi “uma experiência fora desta realidade”, sublinhando que o ser humano “é super adaptável”.
Salvador garantiu ainda que “o coração é um músculo”, mas “a alma é a mesma”, assumindo que se sente a mesma pessoa. Saber quem foi o doador não lhe interessa, pelo menos para já, pois vê “as coisas de forma prática”.
Tudo o que passou afirmou que o afetou “de uma forma muito física” e que a voz ficou mais frágil nestes últimos meses. Ainda não está plenamente em forma, “mas há-de chegar lá”, prometeu, no seu jeito especial de comunicar.
Assumidamente intérprete e não compositor, Salvador Sobral já prepara o regresso aos palcos, com Açores e Madeira no horizonte. Trabalha ainda no seu segundo disco, contando com a colaboração de vários compositores e escritores que admira, entre eles Mário Laginha e Samuel Úria e os autores Miguel Esteves Cardoso e Gonçalo M. Tavares. “Liguei-lhes e eles felizmente disseram que o fariam”, revelou.
E, antes de se mostrar no Telejornal, já tinha dado música aos seguidores das redes sociais, com um vídeo muito visto e recheado de comentários de satisfação de quem admira a voz por detrás de “Amar pelos dois”, escrito pela irmã Luísa Sobral e que ele cantou conquistando o mundo artístico com o seu inegável talento.