Quem é o diz é um pesquisador da Universidade McGill, no Canadá, e especialista em antropologia cognitiva.
De acordo com Samuel Veissière, os ecrãs não criam um vício em tecnologia, mas sim em contacto social.
Segundo o especialista, estar conectado com outros seres humanos é um desejo evolutivo. Foi necessário que essa característica prevalecesse para que a espécie continuasse a sobreviver.
Assim, ele reviu dezenas de estudos a respeito do vício em smartphones e concluiu que a ‘nomofobia’ — termo que descreve a dependência destes aparelhos — é criada através dos aspetos sociais dos aparelhos.
Logo, os telemóveis funcionam como uma adaptação das necessidades primitivas e a tecnologia é apenas o aspeto secundário.
“Gostamos de nos comparar, de saber dos outros, de competir. O problema dos smartphones é que a tecnologia dá acesso excessivo a algo que desejamos muito”, explicou.
No seu artigo publicado no último dia 20 na revista científica ‘Frontiers in Psychology’, afirma que a disponibilidade constante é um problema geral da vida humana, não somente em redes sociais.
“No mundo pós-industrial onde os alimentos são abundantes e estão sempre disponíveis, os nossos desejos por gordura e açúcar, que surgiram durante a nossa longa evolução, podem ficar facilmente sobrecarregados e levar a obesidade, diabetes e doenças cardíacas”, expôs.
“As necessidades e recompensas das relações sociais podem ser igualmente comparadas num ambiente onde precisamos construir um perfil virtual para continuar interagindo”, afirmou.
E o vício, claro, é o resultado.
Mas há controvérsias. De acordo com um estudo realizado na Universidade de Seul, na Coreia do Sul, divulgado em dezembro de 2017, a dependência de smartphones pode ser, sim, considerada um vício.
Passar horas em frente ao ecrã do smartphone produz alterações químicas no cérebro, com reações e síndrome de abstinência semelhantes ao que acontece com dependentes de drogas.
E não só. A lista de efeitos negativos dos telemóveis só aumenta: metade dos adolescentes americanos são considerados aditos e o uso do Facebook já se mostrou a causa de transtornos de ansiedade em alguns casos.
Por isso, até mesmo investidores da Apple se mostraram preocupados e pediram para a empresa fazer algo a respeito.