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Pais de Gabriel juntos na dor em funeral enquanto suspeita enfrenta fúria popular

Amparados um no outro, enquanto seguiam atrás do caixão com o corpo do filho, Ángel Cruz e Patricia Ramírez eram a imagem da dor. Já assim tinha sido no velório, na segunda-feira, por onde também passaram 12 mil pessoas, e o mesmo se repetiu no funeral desta terça-feira.

A Catedral de Almería encheu rapidamente, enquanto no exterior – a acompanhar tudo através de um ecrã gigante – estavam 5 mil pessoas, refere a imprensa espanhola. A multidão recebeu a urna branca de Gabriel, menino de 8 anos encontrado morto depois de 12 dias desaparecido e que terá sido estrangulado pela namorada do pai (já detida pelas autoridades), com aplausos.

O público entoou “Todos somos Gabriel” (que era afinal a hashtag que inundou a internet na altura do desaparecimento da criança) e até houve caras conhecidas no funeral. A vice-presidente do governo espanhol, Soraya Sáenz de Santamaría, e o ministro do Interior, Gabriel Zoido, passaram por Almería.

Ela levava um desenho de peixe, símbolo da busca de Gabriel, porque o menino adorava peixes. Já Zoido segurava o lenço azul de Gabriel, que lhe foi dado pela mãe da criança – que o usou durante os 12 dias de busca pelo filho – em jeito de agradecimento pelo apoio dado à família nesta fase.

Após a missa, os pais quiseram agradecer novamente a todos os sinais de carinho e apoio recebidos durante este tempo. Depois beijaram o caixão, antes de seguir para o cemitério, e pediram privacidade para enterrar o filho.

“Muito obrigado por todo o apoio, seguraram-nos durante o desaparecimento e mais tarde”, disse Ángel Cruz entre lágrimas. Ele que ainda tem de lidar com a dor de ter sido a sua companheira Ana Julia Quezada a presumível homicida do filho.

“O nosso filho já está a brincar com os peixes”, acrescentou Patricia Ramírez, que falou ainda de uma história que recebeu na internet e que fala de um bom anjo e de uma bruxa. “A bruxa já está onde tem que estar”, continuou, referindo-se indiretamente a Quezada.

Depois pediu que todos “colocassem em seu nome a música ‘Girasoles’, que ele adorava”, em referência a uma música do cantor Rozalén que era uma das favoritas de Gabriel e que “foi uma das últimas músicas que dançamos juntos”.

Entretanto Ana Julia Quezada, que também está a ser investigada pela morte da própria filha menor em 1996, esteve esta segunda-feira a ser acompanhada pela Guardia Civil na reconstituição do crime, passando pelos vários locais envolvidos.

A suspeita negou-se a colaborar com as autoridades, mantendo-se sempre em silêncio, no entanto não escapou à fúria popular.

Ao início da tarde, a mulher de 43 anos, de origem dominicana, foi levada pelas autoridades até ao apartamento que dividia com o pai de Gabriel em Vícar, província de Almería.

No local, apercebendo-se da forte presença policial, agruparam-se dezenas de moradores, que aguardavam a saída de Ana Julia (sempre em silêncio).

Quando a suspeita abandonou o prédio, ladeada por investigadores e agentes da Guardia Civil, a população entrou em alvoroço, ouvindo-se gritos de “assassina”, “criminosa” e demais impropérios.

Alguns dos vizinhos tentaram mesmo chegar até à suspeita com intenção de agredir, sendo afastados pelas forças de segurança, como se pode ver pelas imagens transmitidas na televisão e que já circulam na internet.

Imagens: CanalSurNoticias e El Mundo/Twitter