Os relógios vão adiantar – na madrugada de hoje, sábado, para domingo, dia 25 – uma hora dando início ao horário de verão, que vigorará até 28 de outubro. Deverá mudar os ponteiros quando for 01h00 no continente e na Madeira e 00h00 se estiver nos Açores.
Sempre que há estas mudanças, relembra-se o porquê das mesmas acontecerem (por causa da poupança energética) e o risco para a nossa saúde.
São vários os especialistas em cronobiologia e medicina do sono que alertam para as alterações do sono, do estado de ânimo, de capacidades cognitivas como a memória e psicomotoras.
Esses impactos na saúde até foram analisados pelo Grupo de Consenso sobre o Impacto da Mudança da Hora, constituído por Miguel Meira e Cruz (coordenador da Unidade de Sono do Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa), John Fontenelle Araujo (Brasil), Dário Acuña-Castroviejo e Eduard Estivill (Espanha), e Masaaki Miyazawa (Japão).
A análise foi feita na sequência do II Encontro Latino-Americano e 1º Congresso Português de Cronobiologia e Medicina do Sono.
Estudos recentes, embora controversos, apontam um aumento do número de enfartes. Isto porque, ao haver uma alteração horária repentina, os relógios existentes em todas as células do organismo não têm capacidade de se adaptar de imediato.
Não nos podemos esquecer também da influência das alterações circadianas nas células ‘natural killer’, uma primeira linha da resposta imunitária. As moléculas citotóxicas e a atividade destas são mais elevadas durante a manhã e diminuem durante a noite.
Com a alteração horária frequente aumenta a incidência de cancro do pulmão em modelo animal através destes mecanismos e afeta, pelo menos de forma temporária, o sistema imunitário com compromissos diversos na saúde.
Um estudo publicado em 2017 pelo neurologista brasileiro Fontenelle Araujo, que envolveu 5631 pessoas, concluiu que cerca de metade das pessoas sente de alguma forma o impacto da mudança da hora.
Destas, metade é afetada durante a primeira semana, cerca de um quarto (27%) durante todo o mês e 23% não recupera durante o horário de verão, sendo as mulheres e os vespertinos aqueles que apresentam mais queixas.
Dario Castro-Viejo, do Instituto Internacional de Melatonina, sublinhou que as repercussões da alteração da hora na saúde incluem alterações de sono, do estado de ânimo e de capacidades cognitivas como a memória e de certas capacidades psicomotoras.
“Na maioria das pessoas, o relógio biológico central procurará adaptar-se em quatro a seis dias, a partir do qual voltaremos a funcionar adequadamente”, explicou Castro-Viejo.
Segundo Eduard Estivill, de Barcelona, as crianças mais novas são mais vulneráveis à mudança da hora, pelo que devem ser realizadas alterações de forma progressiva.