Esqueça a ‘perseguição’ nas redes sociais, as mensagens no telemóvel, a marca de batom na camisa e o cheiro insinuante a perfume. Quer saber mesmo se está a ser traída? Então ouça o seu companheiro.
Segundo a pesquisa das cientistas comportamentais norte-americanas Susan Hughes e Marissa Harrison, publicada no ‘Sage Journals’ (o maior divulgador independente de artigos académicos online), infiéis de ambos os sexos foram facilmente “apanhados” pelos ouvintes que participaram na experiência – 152 estudantes entre os 18 e os 32 anos, dos quais 64 eram homens e 88 mulheres.
Convidados a identificá-los apenas pela voz, os voluntários conseguiram descobrir se os indivíduos que ouviram nas gravações – todos em relações monogâmicas, com metade deles a admitirem ter tido relações íntimas fora dessa união – haviam, ou não, traído o parceiro.
A perceção dos homens só diminuiu em relação às mulheres cujas vozes foram suavizadas na gravação, a sugerir que consideram esses tons baixos atraentes, pelo que seriam essas as mais propensas a trair. Também os participantes mais extrovertidos poderão ter feito soar o alarme nos voluntários, dado que ser socialmente expansivo é um traço fortemente associado à infidelidade.
“Embora não possamos apontar exatamente todos os aspetos da voz que levam o nosso sistema percetivo a fazer essa avaliação, sabemos que o tom desempenha um papel nessa função”, admitem as autoras, para quem as evidências sugerem que “qualidades físicas, comportamentais e características podem ser detetadas apenas do som da voz de uma pessoa, independentemente da informação semântica transmitida no discurso”.
Isto, claro, além do que investigadores da Universidade de Vratislávia, na Polónia, já haviam demonstrado acerca do poder de atração da voz: tão importante como a visão, apesar de desdenhada na maioria das vezes, estudos indicam que as pessoas são capazes de decifrar o sexo, a idade, traços de personalidade, estados emocionais, qualidade genética e até o tamanho do corpo do interlocutor somente através da voz.