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Morreu Winnie Mandela, ativista anti-apartheid e ex-mulher de Nelson Mandela

A morte ocorreu este domingo, mas o anúncio só foi feito no dia seguinte por um assistente pessoal.

Winnie Mandela, ex-mulher de Nelson Mandela e ativista anti-apartheid, morreu “pacificamente durante a tarde deste domingo depois de uma longa doença que a levou várias vezes ao hospital desde o início do ano”. Tinha 81 anos.

Winnie Madikizela-Mandela nasceu em 1936 em Bizana, na África do Sul. Licenciou-se na Jan Hofmeyr School em 1956 e alguns anos depois terminou o mestrado em relações internacionais, já na Universidade de Witwatersrand.

Conheceu o então advogado e ativista anti-apartheid Nelson Mandela em 1957. Casaram no ano seguinte. Tiveram duas filhas antes de Nelson ser preso, em 1963, e condenado a prisão perpétua.

Enquanto o marido esteve preso, Winnie emergiu como a figura principal da luta contra o apartheid e chegou a ser condenada a prisão domiciliária. Em 1969, tornou-se uma das primeiras pessoas detidas sob a Secção 6 do muito debatido Terrorism Act e esteve 18 meses na solitária da Prisão Central de Pretória: só era autorizada a sair para visitar o marido em Robben Island, coisa que, de acordo com os meios de comunicação social sul-africanos, raramente fazia.

Nelson Mandela foi libertado em 1990 e as imagens dos dois, a liderar uma multidão de mãos dadas, correram o mundo.

A reputação de Winnie Mandela ficou manchada em 1991, quando foi acusada de ordenar o rapto e de ser cúmplice de uma agressão a Stompie Seipei, um jovem ativista que foi assassinado por um dos guarda-costas da então mulher de Mandela.

Em 1989, este grupo de guarda-costas sequestrou o rapaz de apenas 14 anos – em conjunto com outros três jovens – da casa de um pastor metodista.

Winnie defendeu que levou os quatro rapazes para sua casa porque tinha provas de que eram sexualmente abusados por Paul Verryn, o pastor metodista. Os quatro jovens foram espancados até admitirem que tinham tido relações sexuais com o pastor e o corpo de Stompie Seipei acabou por ser encontrado num descampado, uma semana depois, esfaqueado no pescoço.

Mais tarde, no decorrer do processo, os guarda-costas admitiram que desconfiavam que Seipei era um informador que divulgava informações sobre o movimento anti-apartheid.

A defesa da antiga Primeira Dama da África do Sul conseguiu ilibá-la do homicídio mas aquela foi mesmo condenada a seis anos de prisão pelo rapto: condenação essa que foi reduzida a dois anos de pena suspensa e uma multa depois de um recurso.

O casal separou-se em 1992, tendo Nelson Mandela sido eleito presidente da África do Sul a 10 de maio de 1994 e o divórcio do casal só ficado finalizado em 1996, por isso Winnie é considerada a 7.ª Primeira Dama do país.

A separação não impediu que Winnie Madikizela-Mandela – nome que adotou depois do divórcio – fosse apontada ministra das Artes, Cultura, Ciência e Tecnologia: cargo que ocupou durante apenas 11 meses, até ser demitida por Nelson Mandela após uma viagem não autorizada ao Gana.

Permaneceu popular no cerne do Congresso Nacional Africano (ANC) e foi eleita presidente da Liga Feminina do partido em duas ocasiões, nos anos de 1993 e 1997.

Em 2003, foi considerada culpada de 43 casos de fraude e 25 de furto. O Supremo Tribunal de Pretória condenou a antiga Primeira Dama a cinco anos de prisão e Winnie demitiu-se dos cargos de presidente da Liga Feminina e de deputada pelo ANC.

Um ano depois, o tribunal aceitou o recurso apresentado pela defesa de Winnie Mandela e considerou que a arguida “não cometeu os crimes para ganho pessoal”: retirou a acusação por furto mas manteve a de fraude, ficando a condenação reduzida a três anos e seis meses de pena suspensa.

Fotos: Facebook