Num documentário gravado pela Netflix, o músico sueco confessou que não entendia porque é que o seu corpo não suportava o ritmo que outros DJ’s mantinham, com espetáculos quase diários e em qualquer parte do mundo.
Um ritmo que ele manteve graças ao consumo de enormes quantidades de álcool e de drogas. O que não é inédito no mundo artístico.
Basta pensar em Amy Winehouse que, aos 27 anos, morreu após consumir uma quantidade de álcool cinco vezes superior à da taxa permitida para os condutores.
Ou em Jimi Hendrix, que morreu de overdose de drogas; tal como o ator Heath Ledger ou a cantora Janis Joplin que morreu com overdose de heroína.
Tecnicamente ainda não é conhecida a causa da morte de Avicii. Tim Bergling, seu nome verdadeiro, foi encontrado morto em Muscat, em Omã, na tarde desta sexta-feira, 20 de abril. Tinha apenas 28 anos.
Só se sabe que a polícia da cidade de Omã descartou as “suspeitas de crime”, com base nos exames feitos ao corpo do jovem.
Por isso sobem de tom as desconfianças quanto aos abusos daquelas substâncias e a causa da morte. Ele, que se reformou há dois anos por prescrição médica, depois de sofrer uma pancreatite grave causada pelo consumo excessivo de álcool. Antes já tinha retirado o apêndice e a vesícula.
Considerado um dos melhores DJ’s do mundo, com êxitos no palmarés como ‘Wake Me Up!’ – a mais vista do Youtube com mais de mil milhões de visualizações – e ‘Hey Brother’, fez muito nos poucos anos de carreira.
“Estou tão ocupado que muitas vezes nem sei em que cidade estou” e “não é difícil para mim trancar-me por 60 horas no estúdio sem dormir”, dizia em entrevistas.
Os excessos vieram com o início da carreira, aos 20 anos. Foi um dos responsáveis pela febre da chamada EDM (Electronic Dance Music), género de popularidade galopante desde meados da década passada e viveu quase sempre em festas regadas a álcool e drogas.
Em 2012 interrompeu uma tournée por ter de ser internado, devido ao vício de beber.
Tendo em conta que escolheu como nome artístico Avicii, numa alusão ao nível mais profundo do inferno budista, não deixa de ser irónico o facto de ter provavelmente vivido algo que se assemelha ao inferno.
Mas teve muitos momentos altos. Por exemplo, em 2015, atuou na festa de casamento do príncipe Carl Philip e Sofia Hellqvist.
A guarda real sueca também costuma tocar êxitos de Avicii nos aniversários do Rei.
Acumulou uma fortuna de 75 milhões de dólares, só superada por Tiësto e Calvin Harris – que lamentou a morte do colega -, e chegou a falar várias vezes dos problemas que viveu enquanto artista.
“Viajas muito, moras numa mala, vais de um lugar a outro e eles oferecem-te álcool em todos os lugares. Era estranho se não bebesses”, justificou o jovem numa entrevista à ‘GQ’.
Deixou de beber, mas o dano já era irreparável: foi internado novamente em 2014 com náuseas, febre e infeção da vesícula biliar.
Teve que cancelar várias atuações e paralisar a abertura do seu próprio hotel em Miami. “Tive um mês de descanso forçado, mas estava no estúdio 12 horas por dia e depois comecei a viajar. Se quiseres estar nesta indústria, tens que saltar em qualquer lugar e estar em todo os lugares”, disse.
Um ritmo de vida que incluía champanhe à noite, Bloody Marys no aeroporto e vinhos no avião.
“Sou tímido e isso deixa-me nervoso. Precisava de confiança que o álcool me dava e tornei-me uma pessoa dependente”, reconheceu numa entrevista.
Para os portugueses, Avicii foi autor de muitos hits, mas poucos sabem é que, juntamente com os antigos membros dos ABBA, Björn Ulvaeus e Benny Andersson, compôs e produziu “We Write the Story” (Escrevemos a História), hino oficial do Festival Eurovisão 2013, edição que se realizou na cidade sueca de Malmö.
Com esta morte súbita aos 28 anos, uma coisa é certa: Tim Bergling escreveu a sua história no mundo da música.
Imagens: Youtube e Instagram