As revelações foram feitas no livro ‘Robin’, do escritor Dave Itzkoff, que mostra um novo lado da carreira e dos últimos dias do ator.
Robin Williams sofria de Demência com corpos de Lewy, uma desordem cerebral degenerativa incurável (apenas detetada na autópsia e que ele não sabia que a tinha), antes de cometer suicídio.
Segundo o livro, Williams tomou consciência da gravidade dos problemas que o afetavam enquanto gravava o filme ‘Uma Noite no Museu 3’ (‘Night at the Museum: Secret of the Tomb’).
Na altura, a estrela não se conseguia lembrar das falas do seu personagem. “Ele chorava nos meus braços todos os dias. Era horrível. Ele dizia-me: ‘Não consigo mais, não sei mais ser engraçado’“, disse a maquilhadora Cheri Minss, que teria pedido para que Williams revelasse os seus problemas aos outros membros da produção.
“Eu disse ao pessoal dele: ‘Sou maquilhadora. Não tenho capacidade de lidar com o que está a acontecer com ele‘”, contou a viúva.
O livro revela que Robin Williams era um homem profundamente complicado e contraditório que lutava não só com álcool, drogas e infidelidade desenfreada, mas com a solidão de toda uma vida e uma insegurança esmagadora.
O ator era “muito extrovertido e dolorosamente introvertido“, afirma o livro.
De acordo com a terceira mulher de Williams, Susan Schneider, o artista começou a reclamar sobre uma variedade de sintomas como dificuldade para urinar, indigestão, perda do olfato e tremores nas mãos.
“Foi como brincar de louco. Qual é o sintoma este mês? Eu pensei: o meu marido é hipocondríaco Estamos a tentar saber, não há respostas e já tentamos tudo“, continuou Susan, que até escreveu mais tarde sobre os sintomas do marido na publicação especializada ‘Neurology’.
“Ele tinha um andar lento e arrastado. Ele odiava não poder encontrar as palavras que queria em conversas. Ele debatia-se durante a noite e ainda tinha insónias terríveis. Às vezes, ele via-se preso numa posição congelada, incapaz de se mover e frustrado. Estava a começar a ter problemas com capacidades visuais e espaciais na maneira de julgar a distância e a profundidade. A sua perda de raciocínio básico apenas aumentou a sua crescente confusão“.
O humorista Billy Crystal também fala no livro sobre o facto de ter visto o amigo depois de uma ausência de quatro meses.
Crystal disse que Robin era frágil e “estranhamente quieto“. Depois de jantarem e se prepararem para se despedir, Williams começou de repente a chorar.
“Qual é o problema?“, perguntou Billy. “Oh, estou tão feliz em ver-te. Já passou muito tempo. Sabes que te amo“, respondeu o ator.
Robin Williams cometeu suicídio em 11 de agosto de 2014.
Em breve, a vida e o legado serão examinados no documentário ‘Come Inside My Mind’ (‘Venha para Dentro da Minha Mente’, em tradução livre) da HBO. A estreia será a 16 de julho na televisão norte-americana.
A produção contou com vídeos e áudios raros da coleção particular do ator, além de depoimentos de colegas de trabalho como Whoopi Goldberg, Eric Idle, Steve Martin, David Letterman e mais. Zak Williams, filho do comediante, também aparece no filme.
“Contado largamente pelas palavras do próprio Williams, o filme celebra o que ele trouxe para a comédia e para a cultura como um todo, dos dias selvagens dos anos 1970 até sua morte em 2014”, diz a sinopse.