Enquanto uns ainda digerem a vitória de ‘Toy’ na Eurovisão, outros criticam a música por não gostarem do tema ou do cacarejar e os restantes se focam na política de Israel, o que é certo é que Netta é a grande vencedora do festival deste ano.
Por isso, tal como aconteceu com Salvador Sobral no ano passado, está preparada uma receção especial para a nova detentora do troféu (o microfone de cristal) da Eurovisão.
De acordo com o ‘Times of Israel’, Netta Barzilai chegou ao aeroporto Ben Gurion, em Telavive, às 05h30 desta segunda-feira, menos duas horas em Lisboa, depois de fazer escala em Madrid.
E, tendo em conta as publicações que a cantora fez no Instagram, foi recebida com muitos balões, bonecos Pikachu (que ela fala em ‘Toy’) no que parece ser um quarto de hotel.
Netta será protagonista de uma conferência de imprensa e esta noite, dia 14 de maio (70.º aniversário da fundação do Estado de Israel), irá atuar num concerto em sua própria homenagem, que irá decorrer na praça Rabin (com capacidade para acolher mais de 30 mil fãs).
Para tal, a televisão israelita pediu, no domingo, autorização às forças policiais para organizar o espetáculo, tendo em conta os inúmeros acontecimentos políticos de momento, como o aniversário do Estado de Israel, a transferência da embaixada norte-americana para Jerusalém e os protestos junto à Faixa de Gaza que resultaram em, pelo menos, 25 palestinianos mortos.
Para além de Netta, subirão ao palcos antigos representantes do país na Eurovisão, entre os quais vencedores israelitas do certame, como Gali Atari (que com o grupo Milk & Honey interpretou o conhecido tema ‘Hallelujah’ em 1979) e Dana International (transexual que venceu em 1998, precisamente 20 anos antes de ‘Toy’).
Polémicas à parte, a jovem ficou nas nuvens depois da consagração no Festival. “Obrigada por me escolherem. Obrigada por escolherem diferente. Obrigada por escolher ousadia. Adoro-vos. Façam bem aos outros. Façam bem a vocês próprios. Vamos para a festa!”, declarou após saber que, pelo televoto, iria ficar em primeiro lugar.
A sua vitória foi festejada de forma efusiva em Israel, com milhares de pessoas a sair às ruas na capital, concentrando-se sobretudo na praça Rabin.
Por toda a cidade havia cartazes a felicitar Netta – que recebeu telefonemas de felicitação dos líderes políticos do país, incluindo do primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu – e o edifício da Câmara Municipal foi iluminado com a palavra “Toy”.
“É um momento de alegria que nos junta a todos, é um consenso”, disse Izhar Cohen, primeiro a dar a vitória de Israel na Eurovisão, em 1978 (40 anos antes de Netta), com o conhecido tema ‘A Ba Ni Bi’.
O cantor frisou ainda que o festival permite agregar um país separado por “tantas visões e lados políticos”.
Isto tudo numa altura em que Netanyahu já fez saber que a Eurovisão irá ser realizada em Jerusalém, em 2019. Mas a EBU avisa que o palco do próximo ano ainda nem sequer foi falado, muito menos decidido.
Desde 30 de março, quando começou a marcha do retorno, que terminou hoje, 14 de maio, houve pelo menos 4 dezenas de palestinianos mortos e mais de 500 feridos nos confrontos em Gaza.
Mícheál Mac Donncha, presidente da Câmara de Dublin, foi o primeiro a falar em boicote na futura edição do concurso.
“Eu acho que a terrível provação do povo da Palestina tenha de ser destacada. É preciso haver solidariedade, assim como o povo da África do Sul aquando do apartheid” afirmou, realçando a lista de nomes de artistas que recusam atuar em Israel, em apoio ao povo da Palestina.
Mac Donnacha está proibido de entrar em Israel, depois de ter participado numa conferência em Ramallah, a capital de facto da Autoridade Nacional da Palestina, tendo sido acusado de “travar uma campanha de ódio e discriminação” pela embaixada de Israel em Dublin.
O Conselho da Cidade também votou, recentemente, um boicote e sanções económicas contra Israel, em resposta aos recentes bombardeamentos na fronteira de Gaza.
Imagens: Thomas Hanses, Instagram e Youtube